segunda-feira, 14 de novembro de 2011

O Homem e o Sofrimento



É certo que o sofrimento não é um castigo imposto por causa de nossas faltas, como muitas pessoas pensam e identificam-no como um mal. O mal, antes de ter um por que em si, é uma privação de um bem devido, ou seja, a cegueira é a privação da visão, a surdez é a privação da audição, a fome é a privação do alimento e por ai vai. Todos esses males físicos podem gerar sofrimentos, que são consequências a condição precária e finita da natureza humana.

Diante disso alguém poderia se perguntar: “Por que então Deus não intervém de forma milagrosa na vida das pessoas impedindo o sofrimento e a dor?”. Se assim Deus fizesse, Ele estaria constantemente interferindo na realidade humana e ferindo uma ordem natural que Ele mesmo criou, e como já disse Santo Agostinho, Deus só permite o sofrimento (o mal) no mundo para tirar deste um bem maior.

Um erro muito comum aos que refletem sobre o sofrimento é esquecer-se que o sofrimento é humano, próprio do homem, a dissociação deste tema (separação sofrimento X humano) leva a uma abordagem simplesmente sensitiva e afetiva, isso pode ofuscar a razão e desvirtuar o sentido verdadeiro do sofrimento. Tanto é verdade que uma pedra não sofre quem sofre é o homem. Daqui podem concluir uma verdade: o sofrimento é inerente a dignidade da natureza humana. Por exemplo:

· O mineral, que é o grau mais inferior na escala dos seres, não sente dor nem sofre e pode ser trabalhado e moldado.

· O vegetal, que está em segundo lugar, reage quando agredido e se regenera, mas não aparenta dor.

· O animal irracional, quando agredido, aparenta sentir dor e desconforto e reage de forma hostil.

· O homem, que ocupa a posição mais sublime entre os seres criados, sente dor e pode sofrer, e tanto mais for digno e nobre, mais sofrerá.

Por exemplo:

Um indivíduo que mata outro experimenta um sofrimento em um grau muito inferior que uma mãe que vê seu filho doente, mas o sofrimento faz parte da nobre natureza humana dignificada pela filiação divina. Não existe grande personalidade humana que não tenha passada pelo crivo do sofrimento, como é o caso da terna mãe.

Aqui já podemos perceber que o sofrimento humano é de uma categoria espiritual, e não simplesmente de ordem física como a dor. Por isso, também é um erro querer identificar o sofrimento humano apenas como um mal, para ficar mais claro dou um exemplo: a saudade por alguém que está longe nos faz sofrer, mas não é um mal, muito pelo contrário, ela é um ótimo sinal de que nos importamos com aqueles pelos quais sentimos saudades.

Preste muita atenção, no exemplo acima o sofrimento tem um sentido, que é o amor por uma pessoa que está longe. Aqui temos uma chave para enxergarmos o sofrimento em nossa vida, o amor.

Outra chave está em encarar o sofrimento como via de purificação, ou com um exercício para adquirirmos virtudes.

Quem quer ser um atleta de ponta precisa encara uma dura rotina de treinos, e essa rotina de treino traz duras penas e privações; ou ainda, para mantermos um relacionamento duradouro e bom com outra pessoa, às vezes temos que no sacrificar pelo outro saindo do nosso individualismo, que é uma marca da natureza ferida pelo pecado, esse sacrifício se transforma em sofrimento, mas o seu fruto é uma virtude.

No maravilhoso plano de amor que o Pai tem para nós o sofrimento toma outra dimensão, assume o seu real sentido. O mal que está no mundo não foi posto aí por Deus, mas sabiamente Deus o usa do mal para tirar um bem maior.

Deus abençoe

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