segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

BENTO XVI: “O ABORTO NÃO RESOLVE NADA”


Audiência com participantes da Assembleia Geral da PAV

- Em uma sociedade muitas vezes caracterizada pelo "eclipse do sentido da vida", o Papa Bento XVI voltou a afirmar que "o aborto não resolve nada", mas, ao contrário, cria problemas sérios para todos os envolvidos.

O Papa recebeu em audiência, no sábado passado, os participantes da 17ª Assembleia Geral da Pontifícia Academia para a Vida (PAV), enfatizando o "engano" a que se induz "a consciência de muitas mulheres que acreditam encontrar no aborto a solução para as dificuldades familiares, econômicas, sociais ou para os problemas de saúde de seus filhos".

"Especialmente neste último caso, a mulher é convencida, muitas vezes pelos próprios médicos, de que o aborto é uma escolha não só moralmente lícita, mas também um ato ‘terapêutico' necessário para evitar o sofrimento do filho e da sua família e uma carga ‘injusta' para a sociedade", declarou.

"Em um contexto cultural caracterizado pelo eclipse do sentido da vida, que reduziu a percepção comum da gravidade moral do aborto e de outras formas de ameaçar a vida humana, os médicos precisam de uma fortaleza especial para continuar afirmando que o aborto não resolve nada, que mata o filho, que destrói a mulher e cega a consciência do pai da criança, muitas vezes arruinando a vida familiar."

Este dever, frisou, não se limita "à profissão de médico ou de profissional de saúde".

De fato, é necessário que "toda a sociedade defenda o direito à vida do nascituro e o verdadeiro bem da mulher, que nunca, sob quaisquer circunstâncias, será respeitado na escolha do aborto".

Da mesma forma, é preciso "prestar a ajuda necessária às mulheres que, infelizmente, já recorreram ao aborto e agora experimentam todo o drama moral e existencial".

Neste contexto, o Papa recordou as muitas iniciativas, "no âmbito diocesano ou por meio de entidades de voluntariado individual", que oferecem "apoio psicológico e espiritual para a recuperação humana completa".

"A solidariedade da comunidade cristã não pode renunciar a este tipo de responsabilidade", afirmou.

Consciência moral

A questão do aborto, continuou Bento XVI, interpela a consciência moral do indivíduo.

Segundo o Catecismo da Igreja Católica (nº 1778), a consciência moral é "um juízo da razão, pelo qual a pessoa humana reconhece a qualidade moral de um ato concreto que vai praticar, que está prestes a executar ou que já realizou".

Na verdade, é dever da consciência moral "discernir o bem do mal em diversas situações da vida, de modo que, sobre a base desse juízo, o ser humano possa livremente abraçar o bem".

"Muitos querem negar a existência da consciência moral no homem, limitando sua voz ao resultado de condicionamentos externos ou a um fenômeno puramente emocional; é importante afirmar que a qualidade moral da ação humana não é um valor extrínseco ou facultativo, e não é sequer uma prerrogativa dos cristãos ou dos crentes, mas comum a todo ser humano", indicou o Pontífice.

"Na consciência moral, Deus fala a cada um e convida a defender a vida humana em todos os momentos. Neste vínculo pessoal com o Criador está a dignidade profunda da consciência moral e a razão da sua inviolabilidade."

"Mesmo quando o homem rejeita a verdade e o bem que o Criador lhe oferece, Deus não o abandona, mas, através da voz da consciência, continua procurando-o e falando com ele, para que reconheça seu erro e se abra à Misericórdia divina, capaz de curar qualquer ferida."

Promover a pesquisa

Outro ponto importante abordado na Assembleia Plenária da PAV foi "o uso de bancos de sangue de cordão umbilical para fins clínicos e de pesquisa".

O que está em jogo é o valor e, portanto, o compromisso da pesquisa científica e médica, "não só para pesquisadores, mas para toda a comunidade civil", e daí nasce o "dever de promover as pesquisas eticamente válidas por parte das instituições e o valor da solidariedade dos indivíduos na participação em pesquisas dirigidas a promover o bem comum".

No caso do uso de células-tronco do cordão umbilical, reconheceu o Papa, "trata-se de aplicações clínicas importantes e de pesquisas promissoras no âmbito científico, mas, para a sua execução, muitas dependem da generosidade na doação do sangue do cordão no momento do parto".

Para isso, ele convidou os presentes a serem "promotores de uma verdadeira e consciente solidariedade humana e cristã".

Neste contexto, recordou que "muitos pesquisadores médicos ficam justamente perplexos diante do florescimento de bancos privados de armazenamento de sangue do cordão umbilical para uso exclusivamente autólogo". Esta opção, "além de carecer de uma real superioridade científica com relação à doação do cordão, enfraquece o espírito de solidariedade que deve incentivar constantemente a busca desse bem comum ao qual, em última instância, a ciência e a pesquisa médica tendem".

Por esta razão, concluiu com a esperança de que os participantes mantenham "sempre vivo o verdadeiro espírito de serviço que torna os corações e mentes sensíveis ao reconhecimento das necessidades dos homens que são nossos contemporâneos".

domingo, 27 de fevereiro de 2011

TELEFONE TOCA



ela: ALÔ!
ele: OLÁ!
ela: QUEM É ?
ele: SOU EU
ela: O QUE VC QUER?
ele: DIZE QUE TE AMO.
ela: DE NOVO! VOCÊ NÃO CANSA?
ele: QUEM AMA NÃO CANSA.
ela: ACABOU!!!
ele: QUER DIZER QUE EU NÃO SIGNIFIQUEI NADA PRA VOCÊ?
ela: AGORA NÃO IMPORTA, VOU DESLIGAR.
ele: NÃO POR FAVOR!
ela: POR QUE NÃO?
ele: POR QUE TE AMO!
ela: ENTÃO ME ESQUEÇA.
ele: NÃO POSSO, PREFIRO MORRER AO TE ESQUECER.
ela: ENTÃO SE MATE.

UMA SEMANA DEPOIS UM CURIOSO PERGUNTA:
DO QUE ELE MORREU.?
O BOMBEIRO FALA: ELE AMAVA ALGUÉM.
A MÃE FALA: ELE SE SUICIDOU.
ENTÃO NO DIA DO ENTERRO ESTAVA LÁ A GAROTA PRONTA PARA
PRESTAR A ÚlTIMA HOMENAGEM,
BEIJA UMA ROSA E DIZ: EU TAMBÉM TE AMO.
ELE LÁ DE CIMA RESPONDE: TARDE DE MAIS.

MORAL: É PRECISO PERDER PARA APRENDER A VALORIZAR QUEM
AMAMOS.
TEMOS QUE FALAR TUDO HOJE, POR QUE AMANHÃ PODE SER
TARDE DE MAIS.

O MELHOR DE VOCÊ

Dê sempre o melhor

E o melhor virá...

Às vezes as pessoas são egocêntricas, ilógicas e insensatas...

Perdoe-as assim mesmo.

Se você é gentil, as pessoas podem acusá-lo de egoísta e interesseiro...

Seja gentil assim mesmo.

Se você é um vencedor, terá alguns falsos amigos e alguns inimigos verdadeiros...

Vença assim mesmo.

Se você é honesto e franco, as pessoas podem enganá-lo...

Seja honesto e franco assim mesmo.

O que você levou anos para construir, alguém pode destruir de uma hora para outra...

Construa assim mesmo.

Se você tem paz e é feliz, as pessoas podem sentir inveja...

Seja feliz assim mesmo.

O bem que você faz hoje pode ser esquecido amanhã...

Faça o bem assim mesmo.

Dê ao mundo o melhor de você, mas isso pode nunca ser o bastante...

Dê o melhor de você assim mesmo.

E veja você que, no final das contas...

É entre VOCÊ e DEUS...

Nunca foi entre você e eles!

Madre Teresa de Calcutá

O Valor das Pequenas Coisas


Em cada indelicadeza, assassino um pouco aqueles que me amam.

Em cada desatenção, não sou nem educado, nem cristão.

Em cada olhar de desprezo, alguém termina magoado.

Em cada gesto de impaciência, dou uma bofetada invisível nos que convivem comigo.

Em cada perdão que eu negue, vai um pedaço do meu egoísmo.

Em cada ressentimento, revelo meu amor-próprio ferido.

Em cada palavra áspera que digo, perdi alguns pontos no céu.

Em cada omissão que pratico, rasgo uma folha do evangelho.

Em cada esmola que eu nego, um pobre se afasta mais triste.

Em cada oração que não faço, eu peco.

Em cada juízo maldoso, meu lado mesquinho se aflora.

Em cada fofoca que faço, eu peco contra o silêncio.

Em cada pranto que enxugo, eu torno alguém mais feliz.

Em cada ato de fé, eu canto um hino à vida.

Em cada sorriso que espalho, eu planto alguma esperança.

Em cada espinho, que finco, machuco algum coração.

Em cada espinho que arranco, alguém beijará minha mão.

Em cada rosa que oferto, os anjos dizem: Amém!

sábado, 26 de fevereiro de 2011

DIACONISA EXCOMUNGADA EM 2007 SE RETRATA DA ORDENAÇÃO

Afirma que cometeu um erro e pede perdão

Uma mulher que pretendia ser diaconisa católica renunciou à sua "ordenação" e reafirmou sua fidelidade à doutrina da Igreja sobre a impossibilidade de ordenação de mulheres.

Norma Jean Coon, ex-membro da organização Roman Catholic Womenpriests, no dia 8 de fevereiro, colocou uma mensagem na Internet, na qual "afirma a autoridade do Santo Padre nestas questões de ordenação e reconhece que Cristo fundou a ordenação apenas para os homens".

Coon, casada há 47 anos e mãe de 5 filhos, participou de uma cerimônia em Santa Bárbara, em 22 de julho de 2007, na qual foi ordenada (de maneira inválida) e, com isso, incorreu em excomunhão latae sententiae.

A associação Roman Catholic Womenpriests foi criada na Europa e começou a exigir a ordenação de mulheres em 2006. No verão da cerimônia de Coon, houve acontecimentos similares em Portland, Nova York, Minneapolis e Toronto. Hoje, a organização reivindica a ordenação de 8 bispas e mais de 80 sacerdotisas e diaconisas, no mundo inteiro.

Coon disse que "deixou o programa duas semanas após a cerimônia", porque percebeu "que tinha cometido um erro estudando para o sacerdócio".

E acrescentou: "Eu reconheço a verdade da carta apostólica do Papa João Paulo II, Ordenatio Sacerdotalis".

Em sua declaração, Coon renuncia formalmente à sua relação com Roman Catholic Womenpriests e rejeita "publicamente a mencionada organização, pedindo desculpas àqueles que eu possa ter ofendido ou escandalizado com as minhas ações".

Sua declaração termina com uma oração: "Pai Santo, eu vos peço que abençoeis meu bispo, meu pastor e os padres de Roma que me ajudaram no processo de reintegração na Igreja Católica Romana".

"Perdoai-me, meus amados Jesus e Maria, por ter seguido minha própria vontade no assunto da minha ordenação. Pedimos mais sacerdotes para servir nossa Igreja e rezamos pelas vocações, para que enriqueçam a nossa Igreja nos Estados Unidos."

"Perdoai-nos por cair na desobediência e enriquecei-nos com vosso santo amor. Peço a intercessão de Jesus e Maria. Fiat."

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

PÁROCOS SÃO FUNDAMENTAIS NA RENOVAÇÃO MISSIONÁRIA DA IGREJA

Arquidiocese de São Paulo enfatiza essa dimensão nas paróquias

A arquidiocese de São Paulo conta muito com os párocos no propósito de renovação missionária da Igreja, afirma o cardeal Odilo Scherer.

Nas comunidades que lhes foram confiadas, os párocos “são os autênticos formadores, animadores e guias do povo em ordem à vivência cristã e eclesial”, afirma o arcebispo, em artigo na edição desta semana do jornal O São Paulo.

Segundo Dom Odilo, todo sacerdote “é um missionário pela própria natureza do ministério recebido. A distinção entre os carismas do pastor e do missionário é apenas sutil e, na prática, os dois carismas são inseparáveis”.

“É bem verdade que Jesus Cristo e o Espírito Santo são os primeiros interessados na vida e na missão da Igreja e, por isso, não lhe deixam faltar os dons para que ela possa cumprir bem sua missão.”

Mas, por outro lado – prossegue o arcebispo –, “Jesus Cristo chamou discípulos e apóstolos, associando-os à sua própria missão e fazendo deles seus colaboradores, confiando à sua responsabilidade a evangelização. Portanto, a vida e a missão da Igreja dependem também de nós e de nosso empenho humano em realizá-la bem”.

O cardeal explica que “a distinção entre sacerdote missionário e sacerdote ‘pastor de almas’ é possível, mas seria impróprio separar essas duas dimensões do único sacerdócio de Cristo”.

O carisma missionário do presbítero “decorre de sua configuração com Jesus Cristo, Sacerdote, Cabeça e Pastor da Igreja; Ele foi inteiramente missionário do Pai e inteiramente sacerdote e pastor da humanidade”.

“Em nenhum instante, essas três dimensões da identidade messiânica estiveram separadas na pessoa e na ação de Jesus, mas foram conjuntamente a expressão do seu amor total pela humanidade.”

“Assim, também na vida do padre, não pode haver separação entre essas três dimensões; juntas, elas dão expressão à vivência apostólica e à caridade pastoral do padre”, afirma o cardeal.

Por outro lado – prossegue Dom Odilo –, a preocupação com a missão ‘ad gentes’ “já não diz mais respeito apenas aos povos distantes e distintos do nosso, supostamente, ainda não atingidos pelo Evangelho”.

“Tais povos certamente ainda existem e devem estar sempre na nossa preocupação missionária. Porém, as ‘gentes’ a serem evangelizadas vivem hoje muito próximas e no meio de nós.”

São “imigrantes e pessoas de convicções religiosas diferentes, que ainda não têm nenhuma relação com a fé cristã; mas também são os muitos batizados e nunca evangelizados, ou os filhos de famílias católicas, que já não foram mais batizados e ficaram deserdados da fé e do patrimônio da vida eclesial”.

“Como seria bom se as paróquias fossem tomadas de um ardor missionário intenso, de maneira a contagiar os já participantes da vida da Igreja com o desejo de levar tantos irmãos para Cristo!”, afirma Dom Odilo.

Papa abençoa estátua de São Maron

Monge fundador da Igreja maronita, majoritária no Líbano

Bento XVI abençoou nessa quarta-feira uma estátua de São Maron. A escultura foi colocada em um nicho exterior da Basílica de São Pedro, momentos antes do início da audiência do Papa com os peregrinos.

Este monge, que viveu entre os séculos IV e V como ermitão nos Montes Tauro, nos arredores de Cirro, uma antiga cidade da Síria setentrional, ganhou a fama de taumaturgo e desfrutou de grande reputação como diretor espiritual.

Por seu estilo de vida ascético e por suas curas físicas e espirituais, atraiu muitos seguidores, que constituíram o primeiro núcleo da Igreja maronita, comunidade sui iuris no seio da Igreja católica – sempre em comunhão com Roma, ainda que mantenha uma liturgia e um calendário próprio – presente no Líbano, Síria, Egito, Terra Santa e nos países da diáspora.

A estátua, de mais de cinco metros de altura e 20 toneladas, foi encomendada pela Igreja maronita com ocasião do jubileu – inaugurado a 14 de fevereiro de 2010 – pelos 1600 anos da morte de São Maron. É obra do escultor espanhol Marco Augusto Dueñas, que a confeccionou em um único bloco de mármore de Carrara.

A obra representa o santo oferecendo ao mundo uma pequena igreja de estilo maronita. São Maron veste uma longa estola escrita em sírio e sustenta na mão direita um báculo.

Estavam presentes na cerimônia o cardeal Nasrallah Pierre Sfeir, patriarca de Antioquia dos Maronitas, o presidente do Líbano, Michel Suleiman, e um grupo de ministros libaneses, além de outras autoridades civis e eclesiásticas.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Não há reforma da Igreja sem conversão


Papa apresenta vida de São Roberto Belarmino, o “bispo simples”

Apesar de ser o sobrinho de um papa e tendo vivido a maior parte de sua vida nos "ambientes mundanos" do governo e da diplomacia, o Papa não hesitou em propor hoje a figura de São Roberto Belarmino, como modelo de bispo "simples e cheio de zelo apostólico".

Deste santo, que escreveu várias obras de espiritualidade e doutrina, além de ter contribuído grandemente para a Igreja dos séculos XVI e XVII, o Papa quis destacar seu perfil como um homem de oração e contemplação.

"Belarmino ensina com muita clareza e com o exemplo de sua própria vida que não pode haver uma verdadeira reforma da Igreja, se antes não acontece nossa reforma pessoal e a conversão do nosso coração", sublinhou o Papa.

Roberto Belarmino (1542-1621) foi uma figura fundamental para a Igreja da Contrarreforma, ao sistematizar a concepção da Igreja, em resposta à crise provocada pela Reforma luterana.

Nascido em Montepulciano (Itália), entrou muito jovem na Companhia de Jesus. Primeiramente, foi professor de teologia em Lovaina e Roma, época em que elaborou uma de suas obras mais famosas, Controvérsia.

"O Concílio de Trento tinha terminado pouco tempo antes e, para a Igreja Católica, era necessário reforçar e confirmar sua identidade também no que diz respeito à Reforma Protestante. A ação de Belarmino se insere neste contexto", explicou o Pontífice.

Sua obra constitui, afirmou, "um ponto de referência, ainda válido para a eclesiologia católica, sobre as questões acerca da Revelação, da natureza da Igreja, dos sacramentos e da antropologia teológica".

"Nelas, acentua-se o aspecto institucional da Igreja, devido aos erros que estavam circulando sobre tais questões."

Nesta obra monumental, que tenta sistematizar as várias controvérsias teológicas da época, o santo "evita todo tom polêmico e agressivo com relação às ideias da Reforma, usando os argumentos da razão e da Tradição da Igreja para ilustrar de maneira clara e eficaz a doutrina católica", destacou o Papa.

Apesar de ser brilhante como teólogo, prosseguiu o Papa, seu legado "consiste na maneira como ele concebeu seu trabalho. Os trabalhos tediosos de governo não o impediram, de fato, de caminhar rumo à santidade, na fidelidade às exigências do seu próprio estado de religioso, sacerdote e bispo".

"Sendo - como sacerdote e bispo -, em primeiro lugar, um pastor de almas, ele sentiu o dever de pregar assiduamente", explicou.

"Sua pregação e suas catequeses têm esse mesmo caráter de simplicidade que ele recebeu da educação jesuíta, toda dirigida a concentrar as forças da alma em Jesus, profundamente conhecido, amado e imitado."

São Belarmino oferece "um modelo de oração, a alma de toda atividade: uma oração que escuta a Palavra do Senhor, que é preenchida com a contemplação da grandeza, que não se fecha em si mesma, que se alegra em abandonar-se nas mãos de Deus".

O santo, "que viveu na pomposa e muitas vezes insalubre sociedade dos últimos anos do século XVI e início do século XVII, esta contemplação inclui aplicações práticas e projeta a situação da Igreja do seu tempo com a corajosa inspiração pastoral".

Suas obras, concluiu o Papa, "nos lembram que o objetivo da vida é o Senhor, o Deus que se revelou em Jesus Cristo, em quem Ele continua nos chamando e prometendo-nos a comunhão com Ele".

"Elas nos recordam a importância de confiar no Senhor, de viver uma vida fiel ao Evangelho, de aceitar e iluminar, com a fé e a oração, toda circunstância e toda ação da nossa vida, sempre ansiando a união com Ele."

Bento XVI: Líbano, mensagem de liberdade e convivência

Pontífice recebe em audiência o presidente Michel Sleiman

Bento XVI recebeu nesta quinta-feira em audiência o presidente do Líbano, Michel Sleiman.

Uma nota da Sala de Imprensa da Santa Sé afirma que no encontro se sublinhou que o Líbano, em virtude da presença de diferentes comunidades cristãs e muçulmanas, "representa uma mensagem de liberdade e de convivência respeitosa não só para a região, mas para o mundo".

No Líbano, de fato, uma pluralidade de religiões e de ritos convive em harmonia, desde que, sobretudo com a Constituição de 23 de maio de 1926 e o Pacto Nacional de 1943, instaurou-se um regime de democracia de consenso.

De fato, o Pacto Nacional sancionou uma subdivisão dos cargos públicos com base na pertença religiosa: o presidente da República deve ser cristão maronita, permanece no cargo por seis anos, e compartilha o poder executivo com o Conselho de Ministros, presidido por um muçulmano de confissão sunita.

Em particular, o artigo 9 da Constituição declara que "a liberdade de consciência é absoluta" e que "o Estado, rendendo homenagem ao Altíssimo, garante na mesma medida às populações, seja qual for o rito a que pertençam, o respeito de seu estatuto pessoal e de seus interesses religiosos".

"Neste contexto – afirma a nota vaticana de hoje – a promoção da colaboração e do diálogo entre as confissões religiosas revela-se cada vez mais necessária."

"Evidenciou-se – prossegue a nota – a importância do compromisso das autoridades civis e religiosas de educar as consciências para a paz e a reconciliação, e se desejou que a formação do novo governo favoreça a desejada estabilidade da nação, chamada a enfrentar importantes desafios internos e internacionais".

Durante as conversas, tratou-se "sobre a situação do Oriente Médio, com particular referência aos recentes acontecimentos em alguns países árabes, e se expressou a convicção comum de que é urgente resolver os conflitos ainda abertos na região".

"Por fim – destaca a nota –, dedicou-se particular atenção à situação dos cristãos em toda região e sua contribuição para o bem da sociedade."

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Papa abençoa tocha de São Bento


Começa a peregrinação anual, desta vez pela Inglaterra

Na audiência geral desta quarta-feira com os peregrinos, Bento XVI abençoou a “chama beneditina” ou tocha de São Bento, a qual começa sua peregrinação anual por terras europeias.

Este ano, a peregrinação acontece na Grã-Bretanha e conclui dia 21 de março – festa de São Bento, padroeiro da Europa – nos lugares de nascimento e morte do santo: Núrsia e Monte Cassino (Itália).

A tocha chegará estes dias a Londres, onde será acesa na Abadia de Westminster, no dia 2 de março, durante uma celebração ecumênica.

Ao concluir a catequese de hoje na Sala Paulo VI, o Papa quis saudar a delegação de Núrsia e Monte Cassino – liderada por Dom Renato Boccardo, arcebispo de Spoleto-Norcia, e o abade de Monte Cassino, Pietro Vittorelli – que acompanhará a tocha em sua missão de paz e irmandade à capital da Inglaterra.

“Queridos amigos – disse o Papa –, ao agradecer-vos pela visita de hoje, desejo que a tradicional iniciativa contribua para reavivar a luz da fé, especialmente na Europa, e seja portadora de concórdia e reconciliação”.

A iniciativa da tocha nasceu em 1964, quando o Papa Paulo VI proclamou São Bento de Núrsia como padroeiro da Europa.

Dor do Papa pelas vítimas do terremoto na Nova Zelândia



Estimativa é de que 300 pessoas ainda estão debaixo dos escombros

Bento XVI, por meio de um telegrama enviado pelo cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado, a Dom Barry Philip Jones, bispo de Christchurch, demonstrou sua proximidade aos atingidos pelo terremoto que afetou a Nova Zelândia na segunda-feira. O sismo deixou 75 mortos até o momento.

O Papa – afirma a mensagem –, “entristeceu-se ao tomar conhecimento da repentina devastação e perda de vidas na cidade de Christchurch por causa do recente terremoto”.

O pontífice expressou “sua proximidade espiritual a todos que foram atingidos e envia suas condolências aos que choram pela perda de seus entes queridos”.

O Papa assegura aos habitantes de Christchurch suas “orações por todos que estão trabalhando urgentemente para resgatar e auxiliar as vítimas e os feridos”.

O terremoto, o pior no país nos últimos 80 anos, alcançou 6,3 graus na escala Richter. A cidade foi devastada. As duas catedrais, a católica e a anglicana, foram parcialmente destruídas.

Segundo a Agência Fides, da Congregação para a Evangelização dos Povos, ainda restam cerca de 300 pessoas debaixo dos escombros, sendo a maioria turistas.

Três fundadores serão canonizados em 23 de outubro

Realizado hoje o consistório público que definiu a data da celebração

A espanhola Bonifacia Rodríguez de Castro e os italianos Luigi Guanella e Guido Maria Conforti serão canonizados no dia 23 de outubro.

Esta foi informação divulgada pela Santa Sé hoje, após a realização do Consistório Ordinário Público, presidido pelo Papa, no qual foi votada e definida a data da inscrição dos beatos na lista dos santos.

No Consistório, participaram 47 cardeais, incluindo o decano do Colégio, cardeal Angelo Sodano, e o secretário de Estado, cardeal Tarcisio Bertone.

Os três futuros santos são contemporâneos uns dos outros, entre a metade do século XIX e começo do século XX, e fundadores de várias ordens religiosas, dedicadas à evangelização e à ação social.

Guido Maria Conforti (1865-1931) foi arcebispo de Parma. É o fundador da Pia Sociedade de São Francisco Xavier para as Missões Exteriores (conhecida como Missionários Xaverianos).

Luigi Guanella (1842-1915), sacerdote, fundou duas congregações, ambas para ajudar os marginalizados durante a revolução industrial: os Servos da Caridade e o Instituto das Filhas de Santa Maria da Providência.

Bonifacia Rodríguez de Castro (1837-1905) é a fundadora da Congregação das Servas de São José, para a promoção social e cristã das mulheres operárias.

Fonte: Zenit.org

Aumenta número de seminaristas no mundo


Anuário Pontifício é apresentado ao Papa

Aumenta o número de batizados no mundo (cerca da metade dos católicos vive no continente americano), assim como o de sacerdotes e seminaristas, enquanto se registra uma ligeira diminuição no número de religiosas.

Esta é a informação geral oferecida pelo Anuário Pontifício 2011, apresentado no último sábado a Bento XVI pelo cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado vaticano, e pelo arcebispo Fernando Filoni, substituto da Secretaria de Estado para Assuntos Gerais.

As estatísticas de 2009 oferecem uma visão sintética das principais dinâmicas da Igreja Católica nas 2.956 circunscrições eclesiásticas do mundo: os fiéis batizados no mundo passaram de 1.166 bilhão, em 2008, para 1.181 bilhão, em 2009, com um aumento absoluto de 15 milhões de fiéis e um percentual de 1,3%.

A distribuição de católicos entre os continentes é muito diferente da distribuição da população.

A América, de 2008 a 2009, manteve na população uma incidência constante no total global semelhante a 13,6%, enquanto os católicos (na América) alcançaram, em dois anos, 49,9% do número de católicos no mundo.

Na Ásia, o aumento foi de aproximadamente 10,6%, mas este é significativamente menor que o do continente no que se refere à população mundial (60,7%).

A Europa tem um peso de população inferior de três pontos percentuais da dos EUA, mas sua incidência no mundo católico é de 24%, ou seja, quase a metade da dos países americanos.

Tanto para os países africanos como para os da Oceania, o peso da população com relação ao total é um pouco diferente da dos católicos (15,2 e 0,8%, respectivamente, para a África e a Oceania).

O número de bispos no mundo passou, de 2008 a 2009, de 5.002 a 5.065, com um aumento de 1,3%.

O continente mais dinâmico é o africano (1,8%), seguido pela Oceania (1,5%), enquanto abaixo da média como um todo está a Ásia (0,8%) e a América (1,2%). Na Europa, o aumento foi de cerca de 1,3%.

A população sacerdotal mantém uma taxa de crescimento moderado, inaugurado em 2000, após um longo período de resultados decepcionantes.

O número de sacerdotes, tanto diocesanos como religiosos, aumentou durante os últimos dez anos 1,34% em todo o mundo, passando de 405.178, em 2000, para 410.593, em 2009.

Em especial, em 2009, o número de sacerdotes aumentou 0,34% em relação a 2008.

Este aumento segue uma queda de 0,08% do clero religioso e o aumento de 0,56% do diocesano. A queda percentual afetou apenas a Europa (0,82% para os diocesanos e 0,99% para os religiosos), visto que, em outros continentes, o número de sacerdotes, em geral, aumentou.

Com exceção da Ásia e da África, o clero religioso diminuiu em todos os lugares.

Os diáconos permanentes aumentaram mais de 2,5%, passando de 37.203, em 2008, para 38.155, em 2009.

A presença dos diáconos melhora na Oceania e na Ásia, com ritmos elevados: na Oceania, os diáconos não atingem ainda 1% do total, com 346 unidades, em 2009, e na Ásia registram um aumento de 16%.

Os diáconos também aumentaram em áreas onde sua presença é mais importante quantitativamente. Nos Estados Unidos e na Europa, onde, em 2009, residia cerca de 98% da população total, os diáconos cresceram, respectivamente, de 2,3 a 2,6%.

No entanto, houve uma diminuição entre as religiosas professas. Em 2008, elas eram 739.068 em todo o mundo, reduzindo-se, em 2009, para 729.371.

A crise, portanto, permanece, apesar da África e da Ásia, onde há um aumento.

O número de candidatos ao sacerdócio no mundo subiu 0,82%, passando de 117.024 unidades, em 2008, para 117.978, em 2009. Grande parte do aumento é atribuído à Ásia e à África, com taxas de crescimento de 2,39% e 2,20%, respectivamente. A Europa e a América registraram uma contradição, respectivamente, de 1,64 e 0,17%, no mesmo período.

Fonte: Zenit.or

Papa aceita a renúncia de dom Francisco de Paula Victor


O papa Bento XVI aceitou, nesta quarta-feira, 23, o pedido de renúncia do bispo auxiliar da arquidiocese de Brasília, dom Francisco de Paula Victor, com base no Cânon 401 § 1º do Código de Direito Canônico, que estabelece a idade de 75 anos para o pedido de renúncia.

Dom Francisco, 75, natural de Paraisópolis (MG), é formado em Química na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ordenado padre em 1990, foi nomeado bispo auxiliar de Brasília em 1996, recebendo a ordenação episcopal em 26 de outubro do mesmo ano.

CATEQUESE DO PAPA: SÃO ROBERTO BELARMINO E A CONVERSÃO


Intervenção na audiência geral de hoje

Apresentamos, a seguir, a catequese dirigida pelo Papa aos grupos de peregrinos do mundo inteiro, reunidos na Sala Paulo VI para a audiência geral.

Queridos irmãos e irmãs:

São Roberto Belarmino, de quem eu gostaria de vos falar hoje, leva-nos à época da dolorosa divisão da cristandade ocidental, quando uma grave crise política e religiosa provocou o distanciamento de nações inteiras da Sé Apostólica.

Ele nasceu em 4 de outubro de 1542, em Montepulciano, perto de Sena, e era sobrinho, por parte de mãe, do Papa Marcelo II. Recebeu uma excelente formação humanística antes de entrar na Companhia de Jesus, em 20 de setembro de 1560. Os estudos de filosofia e teologia, que ele realizou no Colégio Romano, em Pádua e Lovaina, concentrando-se em São Tomás e nos Padres da Igreja, foram decisivos para sua orientação teológica. Ordenado sacerdote em 25 de março de 1570, foi, durante alguns anos, professor de teologia em Lovaina.

Depois disso, chamado a Roma como professor no Colégio Romano, foi-lhe confiada a cátedra de "Apologética"; na década em que desempenhou essa tarefa (1576-1586), desenvolveu um curso de lições, que acabou se tornando a coletânea Controvérsia, obra célebre pela clareza e riqueza de conteúdos, além do componente prevalentemente histórico. O Concílio de Trento tinha terminado pouco tempo antes e, para a Igreja Católica, era necessário reforçar e confirmar sua identidade também no que diz respeito à Reforma Protestante. A ação de Belarmino se insere neste contexto. De 1588 a 1594, ele foi, em primeiro lugar, o pai espiritual dos estudantes jesuítas do Colégio Romano, entre os quais conheceu e dirigiu São Luis Gonzaga; depois, foi superior religioso. O Papa Clemente VII o nomeou teólogo pontifício, consultor do Santo Ofício e reitor do Colégio de Confessores da Basílica de São Pedro. De 1597 a 1598, ele escreveu seu catecismo, Dottrina cristiana breve, que foi seu trabalho mais famoso.

Em 3 de março de 1599, foi criado cardeal pelo Papa Clemente VIII e, em 18 de março de 1602, foi nomeado arcebispo de Cápua. Recebeu a ordenação episcopal em 21 de abril desse ano. Nos três anos em que foi bispo diocesano, distinguiu-se pelo zelo com que pregava na catedral, pela visita realizada semanalmente às paróquias, pelos três sínodos diocesanos e por um conselho provincial ao qual deu vida. Tendo participado nos conclaves que elegeram os Papas Leão XI e Paulo V, foi convocado a Roma, onde ingressou na Congregação do Santo Ofício, do Índice, dos Ritos, dos Bispos e da Propagação da Fé. Ele também teve tarefas diplomáticas na República de Veneza e Inglaterra, defendendo os direitos da Sé Apostólica. Em seus últimos anos, escreveu vários livros sobre espiritualidade, nos quais condensou os frutos dos seus exercícios espirituais anuais. Da leitura destes livros, o povo cristão obtém, ainda hoje, grande benefício. Morreu em Roma, em 17 de setembro de 1621. O Papa Pio XI o beatificou em 1923, canonizou-o em 1930 e o proclamou Doutor da Igreja em 1931.

São Roberto Belarmino teve um papel importante na Igreja, nas últimas décadas do século XVI e nos primeiros anos do século seguinte. Suas Controversiae constituíram um ponto de referência, ainda válido para a eclesiologia católica, sobre as questões acerca da Revelação, da natureza da Igreja, dos sacramentos e da antropologia teológica. Nelas, acentua-se o aspecto institucional da Igreja, devido aos erros que estavam circulando sobre tais questões. Belarmino inclusive esclareceu os aspectos invisíveis da Igreja, como o Corpo Místico, e o ilustrou com a analogia do corpo e da alma, com o fim de descrever a relação entre as riquezas interiores da Igreja e os aspectos externos que a tornam perceptível. Nesta obra monumental, que tenta sistematizar as várias controvérsias teológicas do seu tempo, ele evita todo tom polêmico e agressivo com relação às ideias da Reforma, usando os argumentos da razão e da Tradição da Igreja para ilustrar de maneira clara e eficaz a doutrina católica.

No entanto, seu legado consiste na maneira como ele concebeu seu trabalho. Os trabalhos tediosos de governo não o impediram, de fato, de caminhar rumo à santidade, na fidelidade às exigências do seu próprio estado de religioso, sacerdote e bispo. Dessa fidelidade surge seu compromisso com a pregação. Sendo - como sacerdote e bispo -, em primeiro lugar, um pastor de almas, ele sentiu o dever de pregar assiduamente. Há centenas de sermões - as homilias -, realizados em Flandres, Roma, Nápoles e Cápua, por ocasião das celebrações litúrgicas. Não menos abundantes são as expositiones e explanationes aos párocos, freiras, estudantes do Colégio Romano, que muitas vezes falam das Escrituras Sagradas, especialmente das epístolas de São Paulo. Sua pregação e suas catequeses têm esse mesmo caráter de simplicidade que ele recebeu da educação jesuíta, toda dirigida a concentrar as forças da alma em Jesus, profundamente conhecido, amado e imitado.

Nos escritos deste homem de governo se adverte, de forma clara, inclusive na reserva em que esconde seus sentimentos, a primazia dada aos ensinamentos de Cristo. São Belarmino, portanto, oferece um modelo de oração, a alma de toda atividade: uma oração que escuta a Palavra do Senhor, que é preenchida com a contemplação da grandeza, que não se fecha em si mesma, que se alegra em abandonar-se nas mãos de Deus. Uma característica da espiritualidade de Belarmino é a percepção viva e pessoal da imensa bondade de Deus, razão pela qual nosso santo se sentia verdadeiramente um filho amado por Deus e era uma fonte de grande alegria poder recolher-se, com serenidade e simplicidade, na oração, na contemplação de Deus. Em seu livro De ascensione mentis in Deum (Elevação da mente a Deus), composto sobre a estrutura do Itinerarium de São Boaventura, exclama: "Ó alma, teu exemplo é Deus, beleza infinita, luz sem sombras, esplendor que supera o da lua e o do sol. Levanta teus olhos para Deus, em quem se encontram os arquétipos de todas as coisas e de quem, como de uma fonte de infinita fecundidade, deriva esta variedade quase infinita das coisas. Portanto, deves concluir: quem encontra Deus, encontra todas as coisas, quem perde Deus, perde tudo".

Neste texto, ouvimos o eco da célebre contemplatio ad amorem obtineundum (contemplação para alcançar o amor), dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola. Em Belarmino, que viveu na pomposa e muitas vezes insalubre sociedade dos últimos anos do século XVI e início do século XVII, esta contemplação inclui aplicações práticas e projeta a situação da Igreja do seu tempo com a corajosa inspiração pastoral. No livro De arte bene moriendi (A arte de morrer bem), por exemplo, ele indica como norma segura do viver bem e também do morrer bem, meditar frequentemente sobre o fato de que a pessoa prestará contas a Deus de suas próprias ações e do seu modo de viver, e evitar a acumulação de riquezas nesta terra, vivendo com simplicidade e caridade, para acumular bens no céu. No livro De gemitu columbae (O gemido da pomba - no qual a pomba representa a Igreja), exorta fortemente o clero e os fiéis a uma reforma pessoal e concreta de suas vidas, seguindo o que ensinam as Escrituras e os santos, entre os quais cita, em particular, São Gregório Nazianzeno, São João Crisóstomo, São Jerônimo e Santo Agostinho, além dos grandes fundadores de ordens religiosas, como São Bento, São Domingos e São Francisco. Belarmino ensina com muita clareza e com o exemplo de sua própria vida que não pode haver uma verdadeira reforma da Igreja, se antes não acontece nossa reforma pessoal e a conversão do nosso coração.

Nos Exercícios Espirituais de Santo Inácio, Belarmino dava conselhos para comunicar de forma profunda, também aos mais simples, a beleza dos mistérios da fé. Escreveu: "Fomos criados para a glória de Deus e para a salvação eterna: este é o nosso fim. Se o alcançarmos, seremos felizes; se dele nos afastamos, seremos infelizes. Por isso, devemos considerar como verdadeiramente bom o que nos conduz ao nosso fim, e como verdadeiramente mau o que dele nos afasta" (De ascensione mentis in Deum, grad. 1).

Estas, obviamente, não são palavras antiquadas, mas palavras para meditar longamente hoje por nós, para orientar nosso caminho sobre esta terra. Elas nos lembram que o objetivo da vida é o Senhor, o Deus que se revelou em Jesus Cristo, em quem Ele continua nos chamando e prometendo-nos a comunhão com Ele. Elas nos recordam a importância de confiar no Senhor, de viver uma vida fiel ao Evangelho, de aceitar e iluminar, com a fé e a oração, toda circunstância e toda ação da nossa vida, sempre ansiando a união com Ele. Obrigado.

[No final da audiência, o Papa cumprimentou os peregrinos em vários idiomas. Em português, disse:]

Queridos irmãos e irmãs:

"Fomos criados para a glória de Deus e para a salvação eterna: este é o nosso fim. Se o alcançarmos, seremos felizes; se dele nos afastamos, seremos infelizes. Por isso, devemos considerar como verdadeiramente bom o que nos conduz ao nosso fim, e como verdadeiramente mau o que dele nos afasta": assim escreve São Roberto Belarmino, bispo e doutor da Igreja. O Concílio de Trento terminara há pouco, e a Igreja Católica precisava ver confirmada e consolidada a sua identidade face à Reforma protestante. A ação do nosso Santo insere-se neste contexto, tendo servido fiel e valorosamente a Igreja ao longo dos últimos decênios do século XVI e primeiros do século XVII. Na sua obra O Gemido da Pomba - "pomba" aqui é a Igreja -, chama vigorosamente o clero e os fiéis a uma reforma pessoal e concreta da própria vida. Com grande clareza e com o exemplo da vida, ensina que não pode haver verdadeira reforma da Igreja, se primeiro não houver a nossa reforma pessoal e a conversão do coração.

Amados peregrinos de língua portuguesa, a todos saúdo cordialmente, desejando que este nosso encontro dê frutos de renovação interior, que consolidem a concórdia nas famílias e comunidades cristãs, a bem da justiça e da paz no mundo. Como penhor de graça e paz divina, para vós e vossos queridos, de bom grado vos concedo a bênção apostólica.

Tradução: Aline Banchieri.