domingo, 13 de março de 2011

1° Domingo da Quaresma - Tentação de Jesus


A Bíblia apresenta-nos apenas duas histórias importantes de tentações :

A Tentação do Primeiro casal humano.

O Livro do Génesis, a partir de 2/25, conta-nos a história da queda original, em que a serpente tentou a mulher para comer do fruto proibido, sugerindo-lhe que ela ficaria a conhecer o bem e o mal, e aí começou a primeira tentação humana.

E então :

- “Vendo a mulher que o fruto da árvore devia ser bom para comer, pois era de atraente aspecto, e precioso para esclarecer a inteligência, agarrou do fruto, comeu, deu dele ao seu marido, que estava junto dela, e ele também comeu”.(Gn. 3/6).

Nesta tentação o homem caiu...

Tentações de Jesus.

O Evangelho de S. Mateus conta-nos a história das Tentações de Jesus no seu capítulo 4:

* Primeiro, o Demónio pretende que Jesus transforme as pedras em pão, para comer, uma vez que Jesus tinha jejuado 40 dias.

Jesus respondeu-lhe que não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.

* Depois o Demónio pretende que Jesus se lance abaixo do pináculo do Templo, sob pretexto de que os Anjos O receberiam nas suas mãos.

Mas Jesus respondeu-lhe : Não tentarás ao Senhor teu Deus.

* Por fim, mais arrojado, o Demónio promete mundos e fundos se Jesus, prostrado o adorar.

E Jesus respondeu-lhe : Ao Senhor teu Deus adorarás e só a Ele prestarás culto.

O Povo de Deus do Antigo Testamento, também chamado filho primogénito de Deus, foi tentado no deserto e sucumbiu à tentação.

Mas Jesus, em Quem se inaugurava o novo Israel de Deus, foi também tentado pelos ideais de um falso messianismo triunfalista, mas repeliu o tentador falso, baseando-se na palavra de Deus e no jejum.

Igualmente nós somos tentados em Adão ou em Cristo.

Igualmente Adão é tentado em cada um de nós, e nós caímos.

Igualmente Cristo é tentado em cada um de nós, e nós vencemos.

O Demónio é vencido.

Sobre as Tentações de Jesus, diz o Catecismo da Igreja Católica :

538. - Os evangelhos falam dum tempo de solidão que Jesus passou no deserto, imediatamente depois de ter sido baptizado por João : "Impelido" pelo Espírito para o deserto, Jesus permanece sem comer durante quarenta dias. Vive com os animais selvagens e os anjos O servem. No fim desse tempo, Satanás tenta-O por três vezes, procurando pôr em causa a sua atitude filial para com Deus; Jesus repele estes ataques, que recapitulam as tentações de Adão no paraíso e de Israel no deserto; e o Diabo afasta-se d'Ele "até determinada altura".(Lc.4/13).

539. - Os evangelistas indicam o sentido salvífico deste acontecimento misterioso. Jesus é o Novo Adão, que Se mantém fiel naquilo em que o primeiro sucumbiu à tentação. Jesus cumpre perfeitamente a vocação de Israel : contrariamente aos que outrora, durante quarenta anos, provocaram Deus no deserto, Cristo revela-Se o Servo de Deus totalmente obediente à vontade divina. Nisto, Jesus vence o Diabo : "amarrou o homem forte", para lhe tirar os despojos (Mc.3/27). A vitória de Jesus sobre o tentador, no deserto, antecipa a vitória da Paixão, suprema obediência do seu amor filial ao Pai.

540. - A tentação de Jesus manifesta a maneira própria de o Filho de Deus ser Messias, ao contrário da que Lhe propõe Satanás e que os homens desejam atribuir-Lhe. Foi por isso que Cristo venceu o Tentador, por nós : "Nós não temos um sumo-sacerdote incapaz de se compadecer das nossas fraquezas; temos um, que possui a experiência de todas as provações, tal como nós, com excepção do pecado"(Heb.4/15). Todos os anos, pelos quarenta dias da Grande Quaresma, a Igreja se une ao mistério de Cristo no deserto.

O Deserto foi primeiro considerado como uma barreira de separação, lugar perigoso, refúgio dos fugitivos e dos bandidos, como aconteceu ao rei David.

Possivelmente um lugar de morte.

Mas num conceito religioso o Deserto foi o lugar onde Javé se encontrou com Israel, foi onde Deus deu a Moisés as tábuas da lei, onde Moisés viu a sarça ardente, onde o Povo de Deus caminhou para a terra da Promissão e onde Jesus jejuou 40 dias e 40 noites.

Assim, são estas algumas das referências que faz do Deserto o Novo Testamento:

- “Se vos disserem... Ele está no Deserto...”. (Mt.24/26).

- “E viveu no Deserto...”. (Lc. 1/80).

- “Os nossos pais comeram o maná no Deserto...”. (Jo.6/31

Algumas vezes a Bíblia usa apenas a expressão Lugar solitário, ou outra semelhante.

É uma falta contra o Primeiro Mandamento da Lei de Deus que reprova os principais pecados de irreligião, entre os quais está este de tentar a Deus e que o Catecismo da Igreja Católica define assim :

2119. - Tentar a Deus consiste em pôr à prova, por palavras ou actos, a sua bondade e a sua omnipotência. Foi assim que Satanás quis que Jesus se atirasse do templo abaixo, para com isso levar Deus a intervir. Jesus opôs-lhe a Palavra de Deus :"Não tentarás ao Senhor teu Deus"(Dt.6/16). O desafio contido em semelhante tentação de Deus vai contra o respeito e a confiança que devemos ao nosso Criador e Senhor, implicando sempre uma dúvida em relação ao seu amor, à sua providência e ao seu poder.

O nosso amor a Deus ensina-nos que os Mandamentos estão em harmonia com os mais íntimos e secretos desejos do nosso coração.

É Deus que nos dá a vida, a luz, a esperança e a liberdade.

Sem Deus há a morte, as trevas e o desespero.

Não é por simples coincidência que o primeiro artigo do Credo e o primeiro Mandamento contêm o mesmo chamamento religioso.

A Religião começa com Deus e a irreligião é contra a fé e contra Deus.

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