sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Despir-se



“Passo a passo ouso aproximar, pouco a pouco à luz dessa Luz…”

Peço licença ao nosso querido poeta para viver aqui a experiência de estar nu. E se a proximidade se dá no “passo a passo”, um por vez, também o despojar-se de minhas vestes deve-se à atitude de deslocamento das peças, uma por vez. Alguém já conseguiu arrancar as meias dos pés sem antes tirar os sapatos?
Um dia me disseram: “Conheça-se! Descubra quem você é”. Essa palavra de ordem foi acompanhada de uma palavra-segredo: “Despir-se!” Imediatamente pensei, meu Deus, como estou coberta de roupas, tecidos e retalhos…tantos deles se misturam e se confundem ao ponto onde já não mais consigo definir o que é meu e o que tomei pra mim.
Verdades confusas que se escondem da própria VERDADE.
Então rezei: “Senhor, onde está a minha verdade?” Sem reservas Ele me respondeu: “A sua verdade Sou Eu!” Permaneci confusa ainda por um instante mas logo compreendi. O salmista já dizia: “Ouço no meu coração: ‘Procurem a minha Face!’ – É a tua face que eu procuro, Senhor. Não me escondas a tua Face” Salmo 27
É a Face de Deus que revela quem sou, quem realmente sou. A Face sofrida, torturada, despida.
Onde estavam as vestes de Jesus ao morrer crucificado? Já não era mais preciso. Fez-se nu! E na nudez não há como se esconder.
Quero que meu coração seja nu, seja inteiro, seja ele mesmo.
Que em cada peça retirada, uma por vez, que em cada passo, sem precisar correr, eu me aproxime da Face de Luz que me revela a mim mesma, que não tem manchas, que não se fantasia. Que é e basta!
Não tenho dúvidas de que terei um grande trabalho pela frente. Não posso tirar uma calça com a mesma agilidade que tiro um chapéu, mas sei que posso, com paciência e sabedoria. E o que não posso se conto com a graça de Deus? Tudo posso!


ado.

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