quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Escolhe: a Vida ou a Morte


E o primeiro passo para “fazer a vontade de Deus” é cumprir sua Santa Lei.

O caminho da santificação e da vida é “fazer a vontade de Deus”; não pode haver “outra vontade” melhor do que a de Deus. Será que existe alguém mais sábio, douto e santo do que Deus, e que nos conheça e ame mais que Ele? Por isso são “loucos”, insensatos, como disse Jesus no Sermão da Montanha (cf. Mt 7,24s), que “ouve as Suas palavras e não as põe em prática”; esses estão no caminho da morte espiritual, da infelicidade, construíram a vida sobre a areia movediça.E o primeiro passo para “fazer a vontade de Deus” é cumprir sua Santa Lei. Com muita sabedoria e fé disse o Dr. Francis Collin, gerente do maior Projeto de biotecnologia do mundo, o Genoma Humano: “O ateísmo é a mais irracional das opções”. Todo o Salmo 118, o mais longo, proclama a beleza da lei de Deus. São 176 versículos glorificando a lei de Deus: “Felizes aqueles cuja vida é pura, e seguem a lei do Senhor” (v. 1). “Na observância de vossas ordens eu me alegro, muito mais do que em todas as riquezas” (v.14). “Vossos mandamentos continuam a ser minhas delícias. Eterna é a justiça das Vossas prescrições, dai-me a compreensão delas para que eu viva” (v. 143-144). “Escolhi o caminho da verdade, impus-me os vossos decretos”(v.30). “O único consolo em minha aflição é que vossa palavra me dá vida” (v.50). “Mais vale para mim a lei de vossa boca que montes de ouro e prata” (v.72). “É eterna, Senhor, vossa palavra, tão estável como o céu” (v.89). “Jamais esquecerei vossos preceitos, porque por eles é que me dais a vida” (v.93). “Vossos preceitos me fizeram sábio, por isso odeio toda senda iníqua” (v.104). “Vossa palavra é um facho que ilumina meus passos, uma luz em meu caminho” (v.105). “Muitas lágrimas correram de meus olhos, por não ver observada a vossa lei” (v.136). “Apesar da angústia e da tribulação que caíram sobre mim, vossos mandamentos continuam a ser minhas delícias” (v.143).

Por tudo isso é que a Carta aos hebreus diz que: “A palavra de Deus é viva, eficaz, mais penetrante do que uma espada de dois gumes, e atinge até à divisão da alma e do corpo, das juntas e medulas, e discerne os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4,12). Nosso mundo moderno “vive como se Deus não existisse”, e sofre. A religião dá base moral a todas as outras atividades. Como disse Dostoiwiski em “Os Demônios”, “se Deus não existe, então, eu sou deus”. E faço o que eu quero, vivo segundo as “minhas” pobres leis. João Paulo II disse que: “no século XX os falsos profetas se fizeram ouvir”.



Deus sempre exigiu do povo escolhido, consagrado a Iahweh (cf. Dt 7,6; 14,2.21) a observância das Suas Leis, para que este povo fosse sempre feliz e abençoado. Ao povo libertado da escravidão do Egito, Deus manda através de Moisés: “Observareis os mandamentos de Iahweh vosso Deus tais como vo-los prescrevo” (Dt 4,2). “Iahweh é o único Deus… Observa os seus estatutos e seus mandamentos que eu hoje te ordeno, para que tudo corra bem a ti e aos teus filhos depois de ti, para que prolongues teus dias sobre a terra que Iahweh teu Deus te dará, para todo o sempre” (Dt 14,40).

Deus tem grande ciúme do seu povo, e não aceita que este deixe de cumprir suas Leis para adorar os deuses pagãos. “Eu, Iahweh teu Deus, sou um Deus ciumento…” (Dt 5,9). O Apóstolo São Tiago, lembra-nos esse ciúme de Deus por cada um de nós, ao dizer que: “Sois amados até ao ciúme pelo Espírito que habita em vós” (Tg 4,5). Deus não aceita ser o “segundo” amor da nossa vida, Ele exige ser o primeiro, porque para Ele cada um de nós é o “primeiro”. Ele demonstrou isto de maneira clara com o aniquilamento de Jesus por cada um de nós. É por isso que o Primeiro Mandamento diz: “Amar a Deus sobre todas as coisas”; isto é, “amarás a Iahweh teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua força” (Dt 6,4). Esse amor a Iahweh se manifesta exatamente na obediência aos mandamentos: “Andareis em todo o caminho que Iahweh vosso Deus vos ordenou, para que vivais, sendo felizes e prolongando os vossos dias na terra que ides conquistar” (Dt 5,33).

Sem viver a lei de Deus o homem experimenta a morte que está escondida no pecado: “O salário do pecado é morte” (Rm 6,23).

A escolha é de cada um: “Olha que hoje ponho diante de ti a vida com o bem, e a morte com o mal” (Dt 30,19). Escolhamos, portanto, a vida, a Lei de Deus. Às vezes ficamos arrumando desculpas e justificando a nossa consciência para não cumprir a Lei de Deus; mas Ele nos diz que sua Lei não está acima de nossas forças: “O mandamento que hoje te dou não está acima de tuas forças, nem fora de teu alcance. Ele não está nos céus, para que digas: quem subirá ao céu para no-lo buscar e no-lo fazer ouvir para que o observemos? Não está tampouco do outro lado do mar, para que digas: quem atravessará o mar para no-lo buscar e no-lo fazer ouvir para que o observemos? Mas essa palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração: e tu a podes cumprir” (Dt 30, 11-15). Não fujamos da Palavra de Deus e nem fiquemos nos enganando e, pior ainda, tentando enganar a Deus. Isto seria escolher o caminho da morte.

Fonte: Blog Prof. Felipe Aquino

Qual o sentido da sua vida?

Para Frankl (1991), o homem só se torna homem e só é completamente ele mesmo quando fica absorvido pela dedicação a uma tarefa, quando se esquece de si mesmo a serviço de uma causa, ou no amor a uma pessoa. É como o olho, que só pode cumprir sua função de ver o mundo enquanto não vê a si próprio. O sentido tem um caráter objetivo de exigência e está no mundo, não no sujeito que o experiência.

Ao falar de sentido, estamos fazendo referência ao significado, à coerência, à busca de propósito e finalidade.

Frankl nos expressa como o homem que perdeu o sentido cai em um vazio existencial e sofre; esta frustração existencial pode desembocar em uma sintomatologia neurótica.

O de que o ser humano realmente precisa não é um estado livre de tensões, mas antes a busca e a luta por um objetivo que valha a pena, uma tarefa escolhida livremente.

Nietzsche: “Quem tem um por que viver pode suportar quase qualquer como”

Levar o homem à consciência do seu ser-responsável, enquanto fundamento vital da existência humana. Essa responsabilidade, todavia, significa sempre responsabilidade perante um sentido. (Frankl)

“O que sacrifica dá ao sacrifício sentido, valor, preço. Dar sentido quer dizer entregar-se. Não é o que eu guardo comigo que retém valor; é o que eu sacrifico que adquire valor” (Frankl, 1978)

“O ser humano é o ser que decide o que vai se tornar” (Silveira, 2007)

A Vocação Sacerdotal

Pensando em vocação, contemplando o rosto de Cristo Sacerdote, louvo ao Senhor pelo chamado feito a mim e a todos os nossos irmãos no sacerdócio. Homens que fazem da vida uma experiência constante de doação, homens que Cristo escolheu para continuar a sua obra no tempo.

Hoje reflito a vocação sacerdotal, pois nestes meus poucos anos de padre já percebo seu valor em minha vida, mas também percebemos que muitos da nossa sociedade não a interpretam com o seu verdadeiro sentido ou a interpretam de forma limitada. Devemos lembrar-lhes sempre que a vocação sacerdotal é um caminho edificante, um dom de Deus, uma expressão do seu amor e cuidado para conosco e toda a sociedade. Como dizia o santo Cura d’Ars: “O sacerdote faz renascer no mundo o pensamento e o desejo das coisas do Céu”.

Compreende-se a vida do sacerdote olhando para a vida de Cristo, Ele é o Eterno e único Sacerdote, somos sacerdotes Nele, nos configuramos a Ele. Nele está nosso chamado e missão, assim Ele disse: “Como o Pai me enviou eu também vos envio” (Jo 20,21). O Senhor fazia como seu alimento cumprir a vontade do Pai e realizar a sua obra, não tinha onde recostar a cabeça. Assim é a missão do sacerdote.

A vocação sacerdotal é um verdadeiro “amoris officium”: um oficio de amor. Ele tem a missão, e deve abraçar com coragem e afinco, de fazer o que fez Jesus: “Ele passou a sua vida fazendo o bem” (At 10,38). Somos homens pelo e para os outros, somos chamados a amar, a defender a pessoa humana e sua dignidade, principalmente as mais vulneráveis, as que mais precisam de um braço amigo e solidário. O papa Bento XVI nos recorda: “O sacerdote é aquele que sai dos laços do mundo para Deus, e a partir de Deus, estar disponível para os outros, para todos”. Essa é a missão do sacerdote, para essa realidade é que o Senhor o chamou. Um serviço a Deus, um serviço aos homens.

Foi nessa disponibilidade de servir o povo de Deus que Dom Bosco viveu e nos deixou seu exemplo, assim ele dizia: “Por eles eu rezo, eu estudo, e por eles me santifico”. Os desafios são grandes e as lutas são constantes, o sacerdote deve se ancorar sempre na certeza do consolo de Cristo e se confiar à sua graça que nos renova a cada dia. É em Cristo que o padre encontra a força para o seu caminhar e o sustento necessário para se manter firme neste santo serviço.

Nas minhas recordações, tenho a viva lembrança de Dom Aluísio Lorscheider (in memoriam, 2007), grande mestre na arte teológica, ensinava-nos em suas aulas de Teologia que: “O sacerdote é grande benfeitor da humanidade, é promotor da justiça e da paz; mensageiro do amor de Cristo a cada um e a todos os homens”.

Pedimos que toda a Igreja reze por nossos padres, pela sua fidelidade e, para que continue a nascer na Igreja nova e santas vocações. Que no amor de Cristo possamos nos espelhar, nos renovar e nos empenhar durante toda a nossa vida

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Festa da Comunidade Dom Bosco 2012 - Pau dos Ferros-RN

A Comunidade Dom Bosco da Cidade de Pau dos Ferros-RN está celebrando seus 20 anos de Comunidade e a festa de seu padroeiro em sua comunidade e convida a todos para juntos celebrar essa grande festa. Sinta-se todos convidados

O SENHOR COLOCOU-NOS NESTE MUNDO PARA OS OUTRO
                                                                                      (Dom Bosco)


quinta-feira, 9 de agosto de 2012

É saudade de Deus, sua alma está com saudade de Deus!

Nestes dias vivi uma experiência de rezar com meus sentimentos. Estava um pouco mais recolhido, silencioso, quem olhasse de fora talvez pensasse “ele esta triste!” Havia um vazio e uma saudade, comecei a perguntar-me quais os motivos para tais sentimentos e continuei rezando, trabalhando, fazendo as coisas do dia a dia. No final do dia, no banho clamando a água Viva do Espírito de Deus, senti forte no meu coração: É saudade de Deus, sua alma está com saudade de Deus!



Então desci para capela, chamei outros irmãos que estavam em casa e expus o Santíssimo. Começamos a rezar e entregar tudo que estávamos sentindo a Jesus, rendendo nossa mente, inteligência, vontade e sentimentos a Jesus o Senhor e falando de nossas verdades. Ele nos acolheu como estávamos e depois de cantarmos um canto de adoração silenciamos e Ele nos falou com esta passagem bíblica: “Este é o mandamento, estas são as leis e os decretos que o SENHOR, vosso Deus, ordenou que eu vos ensinasse, para que os observeis na terra em que ides entrar para dela tomar posse. Assim, temerás o SENHOR, teu Deus, observando durante toda a vida todas as suas leis e mandamentos que te prescrevo a ti, a teus filhos e netos, a fim de que se prolonguem teus dias. E tu, Israel, ouve e cuida de os pôr em prática, para seres feliz e te multiplicares sempre mais, na terra onde corre leite e mel, como te prometeu o SENHOR, o Deus de teus pais. Ouve, Israel! O SENHOR nosso Deus é o único SENHOR.5.Amarás o SENHOR teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças. E trarás gravadas no teu coração todas estas palavras que hoje te ordeno” (cf. Deuteronômio 6, 1-6).

Assim como é tão importante aprender a “ler”, conhecer os sinais do nosso corpo precisamos igualmente e até melhor conhecer os sinais de nossa alma, os apelos do nosso coração que clama por Deus, por silêncio, por oração. Não sabendo nos falta a docilidade e procuramos infelizmente em tantas outras coisas saciar a saudade, à vontade e os sentimentos de maneiras completamente erradas e nunca vamos ser felizes. Hoje procuramos soluções em tudo, remédios, terapias, em pessoas, em coisas. Não sou contra nada disso, realmente precisamos de todo esse conjunto e às vezes o nosso ser que é um todo, corpo, alma e espírito esta pedindo Deus, silêncio, oração, paz interior. Colocar Deus no lugar que verdadeiramente Ele deve ocupar o centro de nossas vidas.


A oração é o sacrifício espiritual que aboliu os antigos sacrifícios. Que me importa a abundância de vossos sacrifícios? – diz o Senhor. Estou farto de holocaustos de carneiros e de gordura de animais cevados; do sangue de touros, de cordeiros e de bodes, não me agrado. Quem vos pediu estas coisas? (Is 1,11). O Evangelho nos ensina o que pede o Senhor: Está chegando à hora, diz ele, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade. Deus é espírito (Jo 4,23. 24), e por isso procura tais adoradores. Nós somos verdadeiros adoradores e verdadeiros sacerdotes, quando, orando em espírito, oferecemos o sacrifício espiritual da oração, como oferenda digna e agradável a Deus, aquela que ele mesmo pediu e preparou.

Esta oferenda, apresentada de coração sincero, alimentada pela fé, preparada pela verdade, íntegra e inocente, casta e sem mancha, coroada pelo amor, é a que devemos levar ao altar de Deus, acompanhada pelo solene cortejo das boas obras, entre salmos e hinos; ela nos alcançará de Deus tudo o que pedimos. Que poderia Deus negar à oração que procede do espírito e da verdade, se foi ele mesmo que assim exigiu? Todos nós lemos, ouvimos e acreditamos como são grandes os testemunhos da sua eficácia!

Nos tempos passados, a oração livrava do fogo, das feras e da fome; e, no entanto ainda não havia recebido de Cristo toda a sua eficácia. Quanto maior não será, portanto, a eficácia da oração cristã! Talvez não faça descer sobre as chamas o orvalho do Anjo, não feche à boca dos leões, não leve a refeição aos camponeses famintos, não impeça milagrosamente o sofrimento; mas vem em auxílio dos que suportam a dor com paciência, aumenta a graça aos que sofrem com fortaleza, para que vejam com os olhos da fé a recompensa do Senhor, reservada aos que sofrem pelo nome de Deus. Outrora a oração fazia vir às pragas, derrotava os exércitos inimigos, impedia a chuva necessária. Agora, porém, a oração autêntica afasta a ira de Deus, vela pelo bem dos inimigos e roga pelos perseguidores. Será para admirar que faça cair do céu as águas, se conseguiu que de lá descessem as línguas de fogo? Só a oração vence a Deus. Mas Cristo não quis que ela servisse para fazer mal algum; quis antes que toda a eficácia que lhe deu fosse apenas para servir o bem.

Conseqüentemente, ela não tem outra finalidade senão tirar do caminho da morte as almas dos defuntos, robustecer os fracos, curar os enfermos, libertar os possessos, abrir as portas das prisões, romper os grilhões dos inocentes. Ela perdoa os pecados, afasta as tentações, faz cessar as perseguições, reconforta os de ânimo abatido, enche de alegria os generosos, conduz os peregrinos, acalma as tempestades, detém os ladrões, dá alimento aos pobres, ensina os ricos, levanta os que caíram, sustenta os que vacilam, confirma os que estão de pé.

Oram todos os anjos, ora toda criatura. Oram à sua maneira os animais domésticos e as feras, que dobramos joelhos. Saindo de seus estábulos ou de suas tocas, levantam os olhos para o céu e não abrem a boca em vão, fazendo vibrar o ar com seus gritos. Mesmo as aves quando levantam vôo, elevam-se para o céu e, em lugar de mãos, estendem as asas em forma de cruz, dizendo algo semelhante a uma prece. Que dizer ainda a respeito da oração? O próprio Senhor também orou; a ele honra e poder pelos séculos dos séculos.

Do Tratado sobre a oração, de Tertuliano, presbítero
(Cap. 28-29: CCL 1,273-274)(Séc. III).

Adoradores verdadeiros ao Pai adorarão em espírito e verdade; Pois são tais adoradores que o Pai quer e procura. Deus é Espírito e aqueles que o adoram, o adoram em espírito e em verdade. Pois são tais adoradores que o Pai quer e procura (cf. Jo 4).

Jesus, companheiro e amigo da nossa vida

Estamos em Cesareia de Filipe. Jesus quer medir o “termômetro” sobre Si, então pergunta aos Seus discípulos: “E vós, quem dizeis que eu sou?”. Um profundo silêncio se espalha entre eles e, num tom celestial, Pedro responde: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”.

Jesus ganha um adjetivo. Ele é o Cristo, o Ungido. O termo deriva do fato de, no Antigo Testamento, os reis, profetas e sacerdotes, no momento de sua eleição, serem consagrados mediante uma unção com óleo perfumado. Cada vez mais claramente, na Bíblia, fala-se de um Ungido ou Consagrado especial que virá, nos últimos tempos, para realizar as promessas da salvação de Deus a seu povo.

Toda a tradição primitiva da Igreja é unânime ao proclamar que Jesus de Nazaré é o Messias esperado. Ele mesmo, segundo Marcos, se proclamará tal ante o Sinédrio. À pergunta do sumo sacerdote: “És tu o Cristo, o Filho do Bendito?”, Ele responde: “Sim, eu o sou”.

Jesus aceita ser identificado com o Messias esperado, mas não com a ideia que o Judaísmo havia construído sobre o messias. Na opinião dominante, este era visto como um líder político e militar que livraria Israel do domínio pagão e instauraria, pela força, o Reino de Deus na Terra.

Jesus teve de corrigir, profundamente, esta ideia compartilhada por Seus próprios apóstolos antes de permitir que se falasse d’Ele como Messias. A isso se orienta o discurso que segue imediatamente: “E começou a ensiná-los que o Filho do Homem devia sofrer muito…” A dura palavra dirigida a Pedro, que busca dissuadi-Lo de tais pensamentos: “Afasta-te de mim, Satanás!” é idêntica à dirigida ao tentador do deserto. Em ambos os casos, tratam-se, de fato, do mesmo objetivo de desviar-lhe do caminho que o Pai lhe indicou, o do Servo sofredor de Javé, por outro que é segundo os homens, não segundo Deus.

Lamentavelmente, temos de constatar que o erro de Pedro se repetiu na história. Também determinados homens e mulheres da Igreja se comportaram – em certas épocas – como se o Reino de Deus fosse deste mundo e como se fosse necessário afirmar-se com a vitória sobre os inimigos, em vez de fazê-lo com o sofrimento e o martírio.

Todas as palavras do Evangelho são atuais, mas o diálogo de Cesareia de Filipe o é de forma todo especial. A situação não mudou. Também hoje, sobre Jesus há as mais diversas opiniões das pessoas: um Profeta, um grande Mestre, uma grande Personalidade. Converteu-se numa moda apresentá-Lo nos espetáculos e nas novelas, nos costumes e com as mensagens mais estranhas.

No Evangelho, Jesus não parece se surpreender com as opiniões das pessoas nem se preocupa em desmenti-las. Só propõe uma pergunta aos discípulos e, assim, o faz também hoje: “Para vós, para você, quem sou eu?”. Existe um salto por dar que não vem da carne nem do sangue, mas que é dom de Deus e é preciso acolhê-lo.

A cada dia, há homens e mulheres que dão este salto. Às vezes, trata-se de pessoas famosas – atores, atrizes, homens de cultura – e, então, são notícia. Mas infinitamente mais numerosos são os crentes desconhecidos. Em certas ocasiões, os não-crentes interpretam estas conversões como fraqueza, crises sentimentais ou busca de popularidade e pode dar-se que, em algum caso, seja assim. Mas seria uma falta de respeito à consciência dos outros arrojar descrédito sobre cada história de conversão.

Uma coisa é certa: os que deram este salto não voltarão atrás por nada deste mundo. Mais ainda: surpreendem-se de ter podido viver tanto tempo sem a luz e a força que vem da fé em Cristo. Como São Hilário de Poitiers, que se converteu sendo adulto, estão dispostos a exclamar: “Antes de conhecer-te, eu não existia”.

Tenho de proclamar o Seu Nome: Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo! Foi Ele quem nos revelou o Deus invisível. É Ele o Primogênito de toda a criação, é n’Ele que todas as coisas têm a sua subsistência. Ele é o Senhor da humanidade e o Seu Redentor que nasceu, morreu e ressuscitou por nós.

Ele é o centro da história do mundo. Conhece-nos e nos ama. É o companheiro e amigo da nossa vida, o homem das dores (Is 53,3) e da esperança. É Aquele que há de vir, que será finalmente o nosso Juiz e também – assim confiamos – a nossa vida plena e a nossa beatitude.

Padre Bantu Mendonça

Agosto, mês das vocações

Para alguns, agosto é um mês de que se cuidar, pois ele seria nefasto... Mas para os participantes assíduos da comunidade católica, agosto, além de ser um mês abençoado como todos os demais, é desde 1981 o mês vocacional.

Por que tamanha importância dada ao tema vocação? Porque a vocação é o início de tudo. Quando ouvimos ou usamos a palavra vocação, logo a entendemos num sentido bastante vago e geral, como sendo uma inclinação, um talento, uma qualidade que determina uma pessoa para uma determinada profissão, por exemplo, vocação de pedreiro, de mãe, de médico.

E nessa compreensão também a vocação de sacerdote, de esposos, de leigos cristãos. Essa compreensão, porém, não ajuda muito no bom entendimento do que seja vocação quando nós, na Igreja, usamos essa palavra.

Vocação, em sentido mais preciso, é um chamamento, uma convocação vinda direta-mente sobre mim, endereçada à minha pessoa, a partir da pessoa de Jesus Cristo, convocando-me a uma ligação toda própria e única com Ele, a segui-lo, (cf. Mc 2,14). Vocação, portanto, significa que anterior a nós há um chamado, uma escolha pessoal que vem de Jesus Cristo, a quem seguimos com total empenho, como afirma São Paulo na Carta aos Romanos: "Eu, Paulo, servo de Jesus Cristo, apóstolo por vocação, escolhido para o Evangelho de Deus." (Rom 1, 1)

Vocação é chamado e resposta. É uma semente divina ligada a um sim humano. Nem a percepção do chamado, nem a resposta a ele são tão fáceis e tão "naturais". Exigem afinação ao divino e elaboração de si mesmo, sem as quais não há vocação verdadeira e real.

Essa escolha pessoal, de amor, é concretizada de uma forma bem objetiva no Sacramento do Batismo, que por isso se torna fundamento e fonte de todas as vocações. É neste chão fértil, carregado de húmus divino, regado pelo sangue de Jesus, que brotam as vocações específicas, aquelas que cabem diferentemente a cada um. Algumas delas são mais usuais e comuns, como a de casal cristão, de leigo cristão, de catequista, de animador da caridade na comunidade.

Outras são definidas pela Igreja como vocações de "singular consagração a Deus", por serem menos usuais, mas igualmente exigentes e mais radicais no processo de seguimento de Jesus: são as vocações de sacerdote, de diácono, de religioso, de religiosa.

As vocações mais usuais são cultivadas em nossas comunidades eclesiais. As de "singular consagração a Deus" são cultivadas em comunidades eclesiais especiais, como nossos seminários.

O mês vocacional quer nos chamar à reflexão para a importância da nossa vocação, descobrindo nosso papel e nosso compromisso com a Igreja e a sociedade. Reflexão que deve nos levar à ação, vivenciando no dia-a-dia o chamado que o Pai nos faz. Que a celebração do mês vocacional nos traga as bênçãos do Pai para vivermos a nossa vocação sacerdotal, diaconal, religiosa ou leiga. Todas elas são importantes e indispensáveis. Todas elas levam à perfeição da caridade, que é a essência da vocação universal à santidade.

E no domingo de agosto, quando refletimos sobre a vocação leiga, somos convidados a homenagear nossos catequistas, aquelas pessoas que, num testemunho de fé e generosidade, dedicam-se ao sublime ministério de transmitir as verdades divinas a nossas crianças, adolescentes e jovens.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Seja misericordioso antes que o Justo Juiz chegue

Nosso Senhor foi um modelo incomparável de paciência. Suportou um traidor entre Seus discípulos até à Sua Paixão e disse: “Deixai um e outro crescer juntamente, até à ceifa; não suceda que, ao apanhardes o joio, arranqueis o trigo”. Para figurar a Igreja, previu que a rede trouxesse, sempre para a margem, todo o tipo de peixes: bons e maus. É o Reino comparado à grande rede lançada ao mar que, para nós, é o mundo.

Cristo nos fez conhecer, de muitas maneiras – abertamente ou em parábolas -, que vivemos num mundo, no qual há uma mistura de bons e maus. Contudo, declara que é necessário velar pela disciplina na Igreja quando afirma: “Se o teu irmão pecar, vai ter com ele e repreende-o a sós. Se te der ouvidos, terás ganhado o teu irmão”. Mas de que maneira? Com misericórdia. Fazendo-o conhecer que “Deus governará a Terra com justiça, e os povos na Sua fidelidade” (Sl 95,13).

No final dos tempos, Jesus juntará, ao seu redor, os eleitos e separará os outros, colocando aqueles à Sua direita e estes à Sua esquerda. Haverá coisa mais justa, mais fiel do que essa? Aqueles que não tiverem exercido a misericórdia – antes da chegada do Justo Juiz – não poderão esperar d’Ele misericórdia.

Aqueles que tiverem exercido a misericórdia serão julgados com misericórdia, porque Ele dirá àqueles que tiver colocado à Sua direita: “Vinde, benditos de meu Pai, recebei em herança o Reino que vos está preparado desde a criação do mundo”. E atribui-lhes obras de misericórdia: “Tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber”, e por aí afora.

Por que você é injusto, não haverá o Juiz de ser justo? Por que lhe acontece de mentir, não haverá de a Verdade ser autêntica? Se quer encontrar um Juiz misericordioso, seja misericordioso antes que Ele chegue. Perdoe a quem lhe tiver ofendido, dê dos seus bens se os possui em abundância.

Dê o que d’Ele você recebeu: “Que tens tu, que não hajas recebido?” Eis os sacrifícios que são muito agradáveis a Deus: a misericórdia, a humildade, o reconhecimento, a paz, a caridade. Se a tudo isso levarmos em conta, esperaremos, com segurança, o advento do Justo Juiz que governará a Terra com justiça e os povos na Sua fidelidade.

Padre Bantu Mendonça

Consagrar as Famílias a Nossa Senhora



Devemos consagrar nossa família à Virgem Maria

Nossa Senhora é Mãe da Igreja e de cada um de nós. Ela recebeu de Jesus aos pés da Cruz, cada cristão como filho. Mas, sobretudo ela é mãe protetora das famílias, pois cuidou da Sagrada família de Nazaré.

Ninguém como a Virgem Maria sabe consolar as mães sofredoras, as mulheres abandonadas e traídas, os pais angustiados com os problemas de seus filhos.

A Igreja ensina que a família é a célula vital da sociedade, desejada e idealizada por Deus para ser o “Santuário da Vida”, como disse João Paulo II; mas hoje a família está imensamente ameaçada por um conjunto de práticas imorais que contrariam a vontade e a lei de Deus: aborto, eutanásia, drogas, bebidas, manipulação de embriões humanos, casamento de pessoas do mesmo sexo, falsas famílias, divórcio, uniões sem matrimônio, “amor livre”, e muitos outros males. Quem salvará a família de tantas misérias e tristezas? A Virgem Maria.

Mais do que nunca hoje os pais precisam, diariamente, consagrar-se a Maria; bem como consagrar seus filhos, seu casamento, seu trabalho, seu lar. São muitas as misérias que hoje entram no lar trazendo o pecado, os maus comportamentos, os vícios, a pornografia, etc. Maria é Aquela que, desde os primórdios, recebeu de Deus o poder e a missão de esmagar a cabeça de Satanás. Ela é a consoladora dos aflitos, auxiliadora dos cristãos, advogada nossa.

O lar precisa urgentemente ser protegido por Aquela que Deus escolheu para sua Mãe. Cada família cristã precisa hoje rezar o sagrado Terço de Nossa Senhora contemplando com devoção os sagrados mistérios da vida de Jesus. “Família que reza unida permanece unida”; é o antigo ensinamento da Igreja. O Terço de Nossa Senhora é a corrente com a qual ela prende o espírito do mal que quer destruir as famílias.

O Papa Leão XIII disse na encíclica “Magnae Dei Matris” (8 de dezembro de 1892): “Maria, muito melhor que qualquer outra mãe, conhece e vê os socorros de que necessitamos para viver, os perigos públicos e particulares que nos ameaçam, as angústias e males que nos oprimem, e, sobretudo, a luta encarniçada que havemos de sustentar com os inimigos da salvação. Nestas e noutras dificuldades da vida, melhor do que ninguém, pode ela generosamente e deseja ardentemente proporcionar a seus filhos queridos consolação, força e toda espécie de auxílios”.

O Concílio Vaticano II quando falou da maternidade espiritual de Maria, disse: “Por sua maternal caridade cuida dos irmãos de seu Filho, que peregrinam rodeados de perigos e dificuldades, até que sejam conduzidos à feliz pátria (LG, n. 61).


Santo Afonso de Ligório, doutor da Igreja, em seu clássico “Glórias de Maria”, afirma: “Deus quer que pelas mãos de Maria nos cheguem todas as graças… A ninguém isso pareça contrário à sã teologia. Pois Santo Agostinho, autor dessa proposição, estabelece como sentença, geralmente aceita, que Maria tem cooperado por sua caridade para o nascimento espiritual de todos os membros da Igreja”.

Muitos santos falaram dessa mediação de Maria junto a Deus. São Bernardo, doutor da Igreja, assim diz: “Tal é a vontade de Deus que quis que tenhamos tudo por Maria. Se, portanto, temos alguma esperança, alguma graça, algum dom salutar, saibamos que isto nos vem por suas mãos”.

São Bernardino de Sena, disse: “Todos os dons virtudes e graças do Espírito Santo são distribuídos pelas mãos de Maria, a quem ela quer, quando quer, como quer, e quanto quer”. São Boaventura (1218-1274), bispo e doutor da Igreja, ensinou que: “Deus depositou a plenitude de todo o bem em Maria, para que nisto conhecêssemos que tudo que temos de esperança, graça e salvação, dela deriva até nós”.

São Roberto Belarmino (1542-1621), bispo e doutor da Igreja, nos ensinou que: “Todos os dons, todas as graças espirituais que por Cristo, como cabeça, descem para o corpo, passam por Maria que é como o colo desse corpo místico”.

Há muitas maneiras da família se consagrar a Nossa Senhora e viver debaixo de sua proteção. São Luiz de Montfort, no seu “Tratado da verdadeira devoção a Virgem Maria”, nos ensina a “fazer tudo por Maria, com Maria, em Maria e para Maria”.

A família consagrada a Maria não deixa de rezar o Terço, de imitar suas virtudes, de implorar sua proteção, de celebrar suas festas litúrgicas, de cultuar suas imagens e de cumprir o que ela pediu: “Fazei tudo que Ele vos disser”.

Prof. Felipe Aquino