Neste dia 26 de julho celebramos a memória de São Joaquim e Santa Ana, pais de Nossa Senhora e avós de Jesus. Como é lindo o mistério do nosso Deus, que se aproximou tanto de nossa natureza para salvá-la que quis experimentar a ternura de ter avós. Lembro de minhas avós, pois só conheci minhas avós e não meus avôs eles já tinham falecido. Desde criança, era marcante a sua presença e seu carinho, minha avó por parte de pai morava mais perto, vó Almira. Minha avó mãe de minha mãe Maria Gracinda, morava na roça mais distante, mas todas as férias escolares eu ia passar com ela. Era muito bom, casa aconchegante, fogão à lenha e subir no pé de umbu e chupar jabuticaba.
Com cada uma aprendi uma grande lição para vida toda. Com minha “vó” Almira mãe do meu pai, aprendi a grandeza da alma, do silêncio e da oração, ela me ensinou os primeiros passos para Deus, a via rezar o terço e ir para Santa Missa todos os Domingos. Era mais de fazer do que de falar, ensinava pelo testemunho, por isso, via na pessoa de minha avó a figura de Nossa senhora. Mulher de sabedoria e discernimento ficava sempre bem quando estava ao seu lado, quando fazia estripulia corria para sua casa para me livrar da surra, que poderia levar do meu pai ou da minha mãe.
Com minha avó Maria Gracinda, que tinha o apelido carinhoso de Duduzinha aprendi a Humildade, fortaleza da alma do homem. Simplicidade e pobreza na vida e no coração. Mulher da roça, do trabalho pesado e diário, um linguajar simples, um coração grande, acolhia a todos, sempre tinha em sua casa em sua mesa lugar para mais um. Porque era humilde era profundamente generosa, sabia dar o que tinha e até o que não tinha. Tinha uma pequena casa de farinha, que dividia com todos os amigos da redondeza, todos vinham fazer farinha na casa de Duduzinha, tinha um pequeno deposito de milho em um dos quartos de sua casa, sabia guardar e sabia dividir.
Dois grandes tesouros que passaram pela minha vida, dois grandes testemunhos de vida e de amor. Sofri pela perda das duas, mas aprendi que o que elas como minhas avós, mulheres idosas e cheias de sabedoria me ensinaram é para vida toda. Ser um homem humilde e de oração faz a diferença, pois aprendi no catecismo da vida de minhas avós o que realmente vale a pena nesta vida. Com certeza os meus avôs eram homens bons e justos, reconheço isso pela vida de minhas avós e pelos meus pais e meus tios. Como diz a Palavra de Deus: “Façamos o elogio dos homens ilustres, que são nossos antepassados, em sua linhagem. O Senhor deu-lhes uma glória abundante, desde o princípio do mundo, por um efeito de sua magnificência. Eles foram soberanos em seus estados, foram homens de grande virtude, dotados de prudência. As predições que anunciaram adquiriram-lhes a dignidade de profetas: eles governaram os povos do seu tempo e, com a firmeza de sua sabedoria, deram instruções muito santas ao povo”. (cf. Eclo 44,1-4).
Existe lugar hoje em nossa sociedade para os nossos idosos? Será que por causa de tantas conquistas tecnológicas e cientificas nós nos arrogamos em dispensar a sabedoria e o discernimento, a experiência de vida e o amor de nossos avôs? Em nossas casas não há mais lugar para cadeira da vovó, não há mais paciência, mais tempo para perder, por isso, falte também tanto amor e ternura em nossos lares. Quero aqui com este texto fazer um elogio verdadeiro aos meus avôs, que me ensinaram as riquezas das coisas simples e pequenas. Obrigado Senhor, pela experiência, pelo carinho, pelo colo que meus avôs me deram e hoje quero continuar acolhendo os de muitos idosos, vovós e vovôs que hoje celebram o seu dia.
Oração: Ó Deus, Forte e Imortal, que concedestes a Santa Ana e a São Joaquim a graça de serem os pais daquela que foi concebida sem a mancha do pecado original, Maria Santíssima dai-me a Graça que tanto vos peço. Por Cristo e Maria, amém.
Fonte: http://blog.cancaonova.com/padreluizinho/
Nenhum comentário:
Postar um comentário