terça-feira, 22 de junho de 2010

DISCERNIMENTO VOCACIONAL

DISCERNIMENTO VOCACIONAL

1. INTRODUÇÃO.

2. PRESSUPOSTO BÍBLICO.


O discernimento vocacional se apresenta na Bíblia mais como um exercito do que uma teoria. O enfrenta forças contrapostas e é obrigatório a distinguir e optar.

Textos Fundamentais:
1. Lc 9,57-62 => as desculpas dos chamados
2. Lc 18,18-27 => Mestre, que devo fazer...
3. At 1,15-26 =>distinguir qual e a vontade de Deus
4. Gl 6,1-10 =>critérios para ser ministro.

Pauta Para Análise

1. Situações descritas nos textos e problemas apresentados.
2. Qual è o objetivo do discernimento no texto?
3. Quem o realiza?
4. Chave do discernimento (expressão ou expressões chaves e critérios fundamentais ).
5. Atitudes e exigências, disposições ou condições para o discernimento.

3. ETAPAS DO DISCERNIMENTO VOCACIONAL

3.1 PROMOVER E SUSCITAR

- Toda comunidade è co-responsável
- Criar um clima vocacional
-Sentimento de pertença á comunidade
-Criar ambiente para se ouvir o chamado.

Nas crianças => INFLUÊNCIA: -dos pais

-dos catequistas
-da escola

Nos jovens => -grupos

-comunidade

3.2 ACOLHER E ACOMPANHAR

- é importante o papel do orientador, do agente vocacional
-saber ouvir
-dar espaço para o jovem sentir-se útil
-inserção na comunidade
-apoio da comunidade.

3.3 FORMAR

-é etapa que terá continuidade a vida toda
-opção definitiva
-esta etapa tem duas vertentes: a pessoal, é o candidato que é protagonista, deve tomar uma opção livre com o apoio da comunidade e da equipe de formação ; e a vertente oficial, porque é a Igreja e o Instituto ou Congregação que deve aceitar ou não.

É nesta hora que a comunidade tem um papel fundamental, porque é a hora decisiva.

4. CONCEPÇÃO SOBRE VOCAÇÃO
( B. Giordini : Respuesta del hombre a la llamada de Dios)

4.1 CONCEPÇÃO ESPIRITUALISTA

A vocação consiste num chamado direto e especial que Deus dirige a cada um .É uma graça especial e que necessita de uma resposta.

4.2 CONCEPÇÃO PSICOLOGISTA

O acento desta concepção está na auto-realização, sem terem contra nem a realidade, nem o outro. A vocação se concentra no próprio sujeito, suas qualidades, aspirações, interesses e atitudes (incoerência ).

4.3 CONCEPÇÃO ANTROPOLÓGICO-EXISTENCIAL-CRISTÀ

Põe em relevo as relações entre Deus e o homem (transcendência ). A iniciativa porém é Deus, se manifesta nas situações concretas, históricas que movem a pessoa (mediações). A vocação é dom e resposta (vacação-missão)

5. SÍNTESE SOBRE O DISCERNIMENTO

5.1 - O discernimento caracteriza a vida cristã : o cristão deve estar sempre atento aos sinais e á vontade de Deus.

5.2 - O discernimento vem da liberdade da pessoa. Não há um caminho pré-fixado, mas um convite para colaborar no plano de Deus.

5.3 - O discernimento afeta a conduta e a caminhada do cristão.

5.4 -O sujeito é o cristão, mas inserido dentro de uma comunidade.

5.5 -Critérios de discernimento:

-não levar-se aos critérios do mundo
-transformar-se pela renovação da mente
-deixar-se levar sempre pelos princípios do bem , do amor fraterno. O amor fraterno se configura como faculdade de discernimento.

5.6 - Acertar na opção se reconhece na conduta prática e pelos frutos do espírito.

6. ILUMINAÇÃO

Discernimento é perceber por onde devo andar para fazer a vontade de Deus.

Em Rm 12,1ss há dois caminhos:

- o da purificação -(negativo) não vos conformeis com o mundo;
- o da transformação - (positivo) transformar a mente.

6.1 O CAMINHO DA PURIFICAÇÃO

Não vos deixeis esquematizar por este mundo.

O esquema é uma realidade superficial por este mundo.

Este mundo: sociedade construída pelo homem.

Este mundo tem um esquema e o esquema é proposto. Paulo pede que nosso estilo não seja o estilo do mundo. Quais são hoje os modelos para a sociedade brasileira? Esquema do mundo : P.C., Collor, políticos...

Cuidado com o esquema. Dizer não aos esquemas que vão entrando na nossa vida. ( Por que vocês não podem comer de todas as frutas? Por que não pode comer o que é bonito e bom ao paladar? Gm 3). O coração torna-se entenebrecido. Nossos canais ficam obstruídos (canal social e canal afetivo).

O esquema do mundo está em torno de Deus . O mundo afirma a presença de Deus, mas mas Deus não serve para nada . Presta homenagem a Deus, mas não permite que Deus entre em sua existência. Uma pessoa neste esquema presta culto, reverencia Deus mas não dá um espaço para Deus, não o deixa entrar em sua vida particular.

O esquema do mundo relativiza valores. Quando há relativos absolutizados em minha vida, tudo fica fora de foco, não me situo mais na historia, tudo é errado (Adoraram a criatura, em vez do Criador - 1,18ss). Não há mais sintonia, mas loucura. O Deus que cultuo não tem nada a ver com a minha vida. O capitulo 2 da Carta dos Romanos acentua que o povo reconhece a Deus mas se liberta do esquema de Deus porque o centro é Deus e ele está em Deus. São as virgens imprudentes, tinham certeza absoluta de que
não haveria festa sem elas, e no entanto houve. Tem certeza de
que podem fazer o que quiser por que tem Deus na mão. Faço o que quero porque pertenço ao povo de Deus, sou escolhido, sou padre, sou religioso - religiosa...

Paulo propõe o seguinte caminho da perfeição:

a) oração: reconhecimento da fé;
b) jejum: fortificar o homem interior - auto - domínio;
c) esmola: reconhecimento do irmão.

6.2 CAMINHO DA TRANSFORMAÇÃO

"Transformai-vos renovando vossa mente"

Mente=> capacidade de se situar. Se não nos transformarmos não podemos nos situar. Cuidem para ue a mente não caia na loucura.

A transformaqção da nossa mente é obra da gratuidade de Deus.

Ao tomar uma decisão abrir espaço para o Espirito Santo.

- que vosso amor cresça cada vez mais em conhecimento e em sensibilidade a fim de poderes discernir o que mais nos convém.

- que vocês sejam puros e irrepreensíveis na plena maturidade da justiça de Cristo.

- para a glória e o louvor do Pai.

A sensibilidade é um dos maiores critérios para o discermimento.

- mudança de um coração de pedra em carne ( Ez 36)

- solidariedade ( não é fácil perceber que existeo outro)

- quem são nossos amigos?

- Quais são os carentes que são nossos amigos?

- Sensibilidade é perceber o que falta para o outro.


PRESSUPOSTO PARA O DISCERNIMENTO VOCACIONAL

1. Projeto de Vida Sacerdotal e Religiosa

- é um projeto centrado em valores absolutos e não em satisfação imediatas.

- se realiza mediante a renúncia em favor das pessoas.

Esta renúncia se faz em favor de:
* Deus , primazia de tudo. Ultrapassa os limites da filantropia.É o sentido único da vida.
* Deus encarnado - manifestado sobretudo nos pobres.
* Cristo que se atualiza constantemente na Igreja, lugar de encontro
homem-Deus.

-quando não há estas bases humanas e cristãs este projeto vocacional não poderá ser assumido.

2. Crescimento psicológico e espiritual

Estão intimamente ligados.

- um projeto de vida comprometido com Deus e com irmãos germina mais
facilmente se o sujeito encontra o equilíbrio interior libertando-se das
ansiedades, complexos, fantasias, dependências, inseguranças e conformismos.

- um projeto de vida germina mais facilmente se a pessoa:

* não está presa na busca da satisfação imediatas :
* sabe tolerar as frustrações sem deixar-se levar pela impulsividade.
* aceita os conflitos sem cair em depressões prolongadas;
* se alegra com êxitos sem desequilibrar-se emocionalmente

- um projeto de vida germina mais facialmente nas pessoas que precisam
de afeto e carinho.

- um projeto de vida que exige uma relação desinteressada com Tu transcendente será difícil numa pessoa com dificuldades de relação pessoal, excessivamente introvertida, a desqualificar os demais.

3. Como discernir o crescimento de uma vocação

Normalmente tomamos os comportamentos como manifestações autênticas de valores. Se reza e obedece... é bom... logo tem vocação . Porém, nem sempre este esquema é certo, porque, nem sempre os comportamentos estão motivados por valores autênticos. Podemos aprender a fazer... ( desempenhar um papel ) e com certeza sem ser internalização de valores.
O verdadeiro discernimento vocacional não verifica tanto a presença
dos valores presentes. Não se fixa tanto no que, mas no porque. Porque obedece? Porque reza?

4. Sinais da internalização de valores

Levar em conta três indicadores:

4.1 - uma atitude é expressão de valores transcendentes quando foi escolhida pelo grau de transparência, para testemunhar os valores no que se crê e não quando foi escolhido em virtude de sua capacidade de procurar satisfação.

4.2 - uma atitude, não é expressão de valores quando o individuo se apega indiscriminadamente a ela e tudo é condicionado por ela.

4.3 - quando uma atitude é vivida não como um meio, mas como um fim em si mesmo, corre o risco de ser desempenhado com legalismo e resignação. Em tudo há renúncias a certas satisfações e este preço se paga com alegria.

5. Motivações predominantes

Em base de todo comportamento há uma gama de motivações nobres e outras menos nobres. A pessoa é como um " Iceberg ", do qual só vemos a parte que emerge, porém, esta sustentada por uma massa gigante submersa. Vemos a ação, mas não o coração. Que busca o coração?
Não podemos ver o coração, porém, é o que faz com que viva ou morra. Conhecemos o coração através das atitudes. A atitude é muito mais que opinião. A opinião está na mente, a atitude está no coração.

A atitude contém elementos afetivos e volitivos que a faz mais resistente á mudanças.

6. Funções das atitudes
6.1 - Função utilitária e defensiva do eu

Busca recompensas ou evita castigos

6.2 - Função expressiva dos valores e função cognicitiva.

Assume-se determinadas funções ou atitudes com a finalidade de realizar valores livres e objetivos ( maturidade).

7. Discernimento dos Espíritos

É a ajuda que uma pessoa dá a outra para que possa conhecer a vontade de Deus nela e respondê-la.

Duas formas:

- individualizar os sinais de Deus no indivíduo
- considerar a capacidade que a pessoa tem de reconhecer a presença de Deus a acolher sua ação.

Discernir não significa simplesmente dar conselhos, mas ajudar a ajudar-se. "Eu posso ajudar a viver segundo a decisão que tomou de ti mesmo sem que tenhas que depender de teu estado de ânimo momentâneo, nem de minha influência moral. Te ajudo em dizer o que deve fazer, mas como situar-se diante de Deus e diante de si mesmo". Se não se favorece a capacidade de resposta, tudo cai num espiritualismo de pias intenções.

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