sexta-feira, 18 de junho de 2010

CATEQUESE E QUERIGMA

CATEQUESE E QUERIGMA

RESUMO

Na revista de catequese n° 129. Janeiro/Março 2010, Dom José Antonio Peruzzo relata do que a palavra QUERIGMA fala: O termo “querigma” é uma derivação do verbo grego Keryssein (pregar, proclamar, tornar conhecimento) e designa, já desde os primeiros dias cristianismo, o núcleo centra da “boa noticia” da salvação de Jesus Cristo. É o primeiro anúncio do Evangelho, cuja essência é proclamar um grande acontecimento de salvação, o homem Jesus de Nazaré é o filho de Deus, que assumiu inteiramente a carne humana, que abraçou a cruz, morreu e ressuscitou para a salvação de todos. Manter o vigor da adesão à pessoa de Jesus como Senhor e Salvador, de modo que os novos aderentes recebam dele o sentido para a própria vida e, com Ele, participem da vitória sobre o mal e a morte, e alcancem a vida eterna.
Um exemplo bíblico, fortemente evocativo a ser lembrado é de At 2,37. Após as palavras de Pedro, o autor ilustra a reação dos ouvintes: “Ouvindo isto, eles sentiram o coração trespassado e perguntaram a Pedro e aos demais discípulos: Que devemos fazer”?
O Papa Bento XVI fala, “ao inicio do ser cristão não há uma decisão ética ou uma grande idéia, mais o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo”. Seu anúncio pode ser comparado ao grito do mensageiro que proclama uma vitória sem precedentes.
Alguns exemplos dos apóstolos podem ajudar. Pode-se começar com o que aconteceu no dia de Pentecostes: “Pedro, então, de pé, junto com os onzes, levantou a voz e lhes falou: ‘Homens da Judéia e todos vós...’ (At 2,14)”. Diante da multidão Pedro dá a “boa noticia” da salvação em Cristo, buscando conferir-lhe grande publicidade.
Todavia, o querigma não é um dado constitutivo da evangelização que pertence apenas ao passado. Como ontem. Também hoje o anúncio da “boa noticia” tem sentido se destinado a provocar alguma reação nos homens do nosso tempo. Entre os primeiros cristãos o anúncio do nome de Jesus Cristo não era apenas informação sobre um personagem da sua história recente, mas era palavra portadora da vida nova do Ressuscitado, e quem a acolhia, acolhia a pessoa e a vitória Jesus. Não é possível evangelização não querigmatica, não pode faltar esta característica à nossa catequese. Além de manter e consolidar a fé já presente, há que “suscitar o desejo” e propor a radical novidade do Evangelho. “Não temos de dar nada como pressuposto ou descontado. Todos os batizados são chamados a recomeçar a partir de Cristo”
O Dom José Antonio Peruzzo nessa mesma edição fala da Necessidade de uma Catequese Querigmatica; A inexorável ‘mudança de época apresenta exigência das quais não podemos nos esquivar quando se trata da transformação da fé. A pastoral de conservação já não é suficiente para suscitar encanto’. Até pouco tempo aceitava-se que a apresentação e transmissão da fé podia seguir um caminho ascendente, ou seja, quando se tratava de catequese, esta podia da experiência e da vida dos catequizando. Supunha uma realidade fundante de fé e de experiências religiosas já presentes e de algum modo radicadas (família/comunidade).
A vida ascendente parte da percepção, em si mesma correta, de que Cristo, em tudo Deus e homem, realiza em sua pessoa as aspirações mais elevadas do coração humano. Com Jesus e como Jesus, cada seguidor pode conhecer que está radicamente voltado para a infinitude, e cada crente vislumbra que somente alcançar sua plenitude de vida no encontro definitivo com Deus.
Os desejos mais profundos, os anseios mais vitais, as mais radicais inquietações, tudo é linguagem explicita ou implícita desta busca de totalidade. A educação da fé, neste caso, consiste em pôr em relação a revelação (Deus em busca do homem) e a Experiência religiosa humana (o homem à procura de Deus). Todavia, este é um caminho que requer reflexão e interpretação para que confia sentido a vivência do indivíduo e suscite uma espécie de memória viva.
Jesus pode se tornar somente um modelo de vida ou uma força suplementar. Sim, pois que já se difunde na mentalidade pós-moderna o pensamento de que está ao alcance do homem ser muito humano até mesmo sem Deus. Hoje, tornou-se possível ser uma pessoa de atitudes humanamente elevadas sem necessariamente ter encontros com o mistério.
O esforço de reflexão e interpretação, por mais elevado que seja, não atende suficientemente, uma vez que Deus “ultrapassa infinitamente o ser humano”(Pascal). Nele o mistério e o amor de Deus superam infinitamente toda a expectativa humana. Em teologia se afirma que o melhor caminho do ser humano até Deus é aquele percorrido por Deus até o ser humano, ou seja, Jesus Cristo.
Não se trata, pois, de uma fé adquirida, imposta ou herdade. Ademais, nem sempre há garantias ou segurança de êxito. O próprio Jesus conheceu situações semelhantes: uns o seguiram (Mc 1, 16-20): outro, a quem Jesus “fitou e o amou” , retirou-se pesaroso (Mc 10, 21-22). Outro até o traiu.
Caminhos a Percorrer a ressurreição de Jesus e o seu encontro com o Ressuscitado foi para as mulheres e para os apóstolos uma experiência tão surpreendente, tão nova e forte que seu anúncio tornou-se o modelo fundamental da fé e do anúncio cristão. Os Evangelhos narram que ele se lhes fizera ver. Mas aqueles primeiros cristãos, os que aderiam a Jesus Cristo mediante o anúncio dos apóstolos, não dispunham de nenhuma certeza a não ser a palavra, o testemunho e a paixão com que lhes era proclamado o nome de Jesus Cristo.
È uma exigência e uma necessidade que a palavra do Evangelho se torne palavra encarnada na vida daqueles que abraçaram missionariamente. Somente comunicam Jesus Cristo os que estão “tomados” por ele. Por isso mesmo, em tempos de “mudanças de época”, tanto a catequese como outras dimensões evangelizadoras da Igreja, são interpeladas a se “deixar ensinar”, de modo fortemente matizador, por tudo quanto viveram, experimentaram e fizeram aqueles cristãos da primeira hora.

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