sábado, 21 de janeiro de 2012

Sou católico e não desisto nunca

A+A-A multidão procura Jesus para O tocar e ser curada de sua enfermidade. Compreende e reconhece n’Ele um poder sobrenatural. Porém, os Seus parentes foram segurá-Lo, porque diziam: “Enlouqueceu”. Os familiares temem que essa maneira de agir possa comprometer o nome da família e decidem tomar o controle da situação.

Vendo a atitude de Seus parentes, podemos nos perguntar: “Quantas vezes somos chamados de loucos?”, principalmente as pessoas que assumem uma proposta de vida radical, deixando tudo para seguir o Senhor mais de perto, como consagrados, casais comprometidos com as pastorais, nas capelas, nas paróquias e na diocese, entre tantas outras pessoas que dedicam a vida para que haja esperança na comunidade.

São os nossos parentes que, muitas vezes, nos acusams de loucos, de “beatos e beatas de sacristia”.
Jesus se encontra dentro de casa, Seus parentes do lado de fora e a multidão está ao redor d’Ele ouvindo-O. Estão reunidos os discípulos e discípulas em torno de Jesus, como também as multidões, que são pessoas do povo, capazes de deixar tudo e segui-Lo: são os aleijados, coxos, pobres, doentes que estão “como ovelhas sem pastor” (Mc 6,34).

Participar da casa é participar do banquete da vida, da aproximação com o outro como espaço de diálogo e compreensão. Para poder entrar na casa é preciso romper com o sistema de opressão que há em nossa sociedade, à medida que faço do outro instrumento da minha vontade e o coloco em disputa com os demais. A casa é o lugar apropriado para desenhar a proposta que Jesus deseja anunciar e promover o sistema de relação social.

Um profeta só é desprezado em sua pátria, em sua parentela e em sua casa (cf. Mc 6,4). As pessoas capazes de compreender a missão de Jesus são aquelas que fazem a experiência d’Ele. Os mais próximos se afastam diante da missão de Jesus, enquanto os mais distantes se aproximam d’Ele e de Sua missão. Aproximar da missão é encontrar-se dentro da casa e reconhecer em Jesus a presença do Reino de Deus. É preciso compreender os gestos e não ter o coração endurecido. Os que estão fora da casa são os adversários que querem interromper a missão, concordando com uma ideologia que domina as pessoas e controla o sistema opressor.

Estar na casa é o principal foco e eixo de partida. Jesus se sente próximo e familiar a todos que se deixam envolver por Seu projeto. O grau de parentesco é como um título para que se possa fazer parte da nova comunidade, que requer acima de tudo fidelidade. Jesus se recusa a aceitar quem não aceita Sua missão !

Diante de uma atitude de vida incoerente, na qual o projeto de Deus não é assumido e a discriminação se torna mais forte, Jesus faz um questionamento: “Quem é minha mãe e meus irmãos?” (Mc 3,33). Se eles não conseguem aceitar a missão de Jesus, Este também não os reconhece como parentes. É preciso ser obediente a Deus, porque no centro está o ser humano e suas necessidades. Estar sentado à Sua volta é estar atento aos Seus ensinamentos. É a unidade em Jesus que se deve fazer evidente numa opção de vida, numa instauração de uma família, como também na vida; viver a vida com adesão ao projeto de Deus e na construção de um mundo novo, no qual a esperança nos mova para frente a fim de podermos chegar à terra onde jorra leite e mel. Chame-nos dos nomes que nos quiserem chamar. Digam o que quiserem dizer. É preciso dizer: Sou católico e não desisto nunca!

A oração que devemos rezar é: Ó Deus, assim como nos enviaste o Vosso Filho que se fez louco por amor à Vossa vontade, assim fazei de nós loucos. Loucos para aceitar qualquer tipo de trabalho e ir a qualquer lugar, sempre num sentido de vida simples, humilde, amando e promovendo a paz, a justiça, a restauração e a reconciliação entre as famílias.


Esta pequena oração retrata a opção de vida de Jesus, a quem a própria família chamou de louco. Ela tenta “impedir” que Cristo prossiga com a Sua missão, quando julga que Ele está fora de Si, devido à multidão que O acompanha. Esse aglomeramento da multidão suscita uma preocupação dos parentes e sua intervenção pode ser motivada pela Sua atividade e Seu modo de comportar-se, que fugia aos esquemas dos moldes comuns. “Ele fala com autoridade” ou ainda, “nunca alguém falou como este homem”.



Padre Bantu Mendonça

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