A mulher está no centro de uma batalha espiritual. E o texto bíblico confirma isso. O livro do Gênesis relata que no princípio, a serpente convenceu Eva a desobedecer o Senhor, e ela, por sua vez, foi quem apresentou o fruto ao homem.
Interpretações errôneas e especulações superficiais vão ver nisso uma primeira culpa da mulher. Alias, por vezes, temos o impulso de priorizar a busca por culpados ao invés de direcionar esforços em sanar o problema, ou até mesmo, em analisar mais a fundo talquestão. Pois bem, onde estava Adão quando sua Mulher foi tentada? Porque ele não se apresentava ao lado dela, protegendo-a? Portanto, ambos abriram uma porta à tentação. Somos igualmente culpados.
Mas, é interessante notar que Satanás, a antiga serpente, precisou envolver a mulher com uma conversa; primeiro faz uma pergunta ampliando a proibição “é verdade que Deus vos proibiu de comer do fruto de toda árvore do jardim?” (Gn 3, 1), como que, querendo fazê-la entender o “não” como privação da liberdade; depois contradiz a Deus e mente em relação às consequências “vós não morrereis!” (Gn 3, 4); fazendo-a olhar a desobediência como uma novidade boa “sereis como deuses” (Gn 3, 4). No entanto, a mulher não precisou de nada disso para convencer o homem. A Palavra diz que, simplesmente, ela “apresentou também ao seu marido, que comeu igualmente” (Gn 3, 6).
Também, quando Deus perguntou a eles porque comeram do fruto, Adão não culpa diretamente a serpente, muito menos reconhece sua própria culpa, mas, indica como responsável a “mulher que puseste ao meu lado” (Gn 3, 12). E a partir de então, neste mundo permanecerá o embate entre a mulher e a serpente (cf. Gn 3, 15).
Perceba que, entre o inimigo de Deus e o homem está a mulher, intermediando.
A sensibilidade, percepção, intuição, a fé e os dons femininos, são capazes de detectar mais facilmente as coisas espirituais. Basta vermos quanto o número de mulheres na igreja sobressai ao de homens. Mas, o que chama também a atenção, é que as mulheres podem não saber, mas a força de influência que elas tem sobre os homens é muito grande.
Vejamos mais uma vez a Sagrada Escritura como mostra essa realidade.
Adão habitava o paraíso, convivia com Deus e passeava com Ele, tudo o que existia foi-lhecolocado a disposição. Adão deu nome aos animais. Na Bíblia, dar nome significa tomar posse, ou seja, todos os seres estavam submetidos ao seu domínio. No entanto, algo faltava ao homem, ele sentia-se incompleto, “não se achava para ele uma ajuda que lhe fosse adequada” (Gn 2, 20).
Quando Deus formou a mulher e levou-a para junto do homem, este homem se identificou no profundo do seu ser “osso de meus ossos e a carne de minha carne” (Gn 2, 23). Nisto vemos que é natural para o ser masculino encontrar essa complementariedade no feminino, uma identificação e um sentido de seu próprio ser.
Por isso, a serpente tentou a mulher, porque sabia que ela influenciaria o homem e os dois cairiam no pecado.
Não estou com isso, dizendo que o ser masculino é totalmente subjugado a mulher, como que dependente psiquicamente ou em qualquer outra de suas dimensões. Não é nada disso!
Contudo, a mulher por sua simples existência, já traz em si um significado para o homem. Ela tem uma via direta ao coração dele.
(Imagine uma mulher sozinha na estrada com o pneu do carro furado . Talvez hoje, com tantos perigos e violência, seja um pouco difícil de algum homem se arriscar em parar e ajudar, mas quem dos homens discorda que num primeiro pensamento, nos representa um perigo ver tal mulher nessa situação? Não! Por instinto, queremos parar e ajudar)
Em situações normais do dia a dia, a nossa tendência é sempre de acreditar e prestar solidariedade a mulher.
A interação do homem com a mulher, geralmente, é contrário ao movimento que se dá com outro homem em questão de confiança. Primeiro ele confia nela, depois é que verá se ela continuará fazendo jus a esse crédito. Com outro homem não, primeiro deve haver provas de fidelidade, de companheirismo, para posteriormente um confiar no outro.
Essa entrega do homem a mulher é algo intuitivo no homem, e muito além de ser só pelo interesse sexual, é antes por uma inclinação primitiva que vem do amago da alma masculina. Muito facilmente eles doam confiança e deixam-se influenciar em suas decisões, posturas diante da vida e em suas escolhas.
E por este mesmo motivo, muitas vezes, o demônio usa da mulher para continuar atingindo o homem. A astuta serpente torna atraente seu veneno e oferta a esposas, namoradas, mulheres nos ambientes de trabalho e estudo, para inebriar também ao ser masculino e jogar os dois na desobediência e no mal a si mesmos.
No livro de Provérbios, capítulo 31, fala um pouco do dom feminino de contribuir para o bem ou para a ruína de um homem.
A mulher tem essa força, de envolver, fazer jogo de sedução, convencer aos poucos um homem até finalmente ele cumprir todos os seus caprichos.
Por outro lado, ela pode ajudá-lo a acreditar em si mesmo, elevar seu espírito e despertar toda sua força e coragem. Mas, para trazer o melhor de um homem à tona, a mulher precisa ter um coração em Deus, um coração cheio de pureza. É sua reta intenção que o homem irá perceber e se amparar.
No instinto feminino, que quase toda mulher confessa ter, no desejo da maternidade (mesmo a espiritual) e de entrega de si (a um esposo bom e honesto, ou ao Senhor no celibato) já, pré-existem essas características da mulher virtuosa. Quanto mais essa mulher cultiva sua retidão e virtudes, mais feliz e realizada ela é.
O Senhor já depositou no ser feminino o dom de fazer um homem enxergar o bem dentro dele que ele mesmo não poderia ver sozinho, e ela encontra nisto também a sua felicidade.
Feliz dia da Mulher Virtuosa!
Sandro Arquejada – autor do Livro “As Cinco Fases do Namoro”